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Governo da Bolívia ignora Corte
e diz que referendo está mantido
Vice-presidente cogita, porém, aprovar consulta sobre Carta no Parlamento
DA REDAÇÃO
O governo Evo Morales, da
Bolívia, anunciou ontem que
falta "base legal" à recomendação da Corte Nacional Eleitoral
(CNE) de suspender os dois referendos necessários para a ratificação do novo texto constitucional. As consultas foram
marcadas para dezembro por
decreto presidencial, mas a
Corte sustenta que o Parlamento deve aprovar a iniciativa, e aponta outros problemas.
O ministro de Defesa Legal
do Estado, Héctor Arce, afirmou que a decisão da CNE "não
tem efeito jurídico nem vinculante". Morales, que estava ontem no Irã, em visita oficial,
disse que a Corte age sob pressão da oposição, que considera
a Carta, aprovada por governistas em 2007, ilegal.
A argumentação oficial é que
vale a questionada sessão conjunta de fevereiro na qual o
Parlamento, de maioria governista e cercado por manifestantes pró-Morales, aprovou a
convocação das consultas para
4 de maio. Depois, o CNE também apontou problemas e o governo acatou a suspensão.
À noite, no entanto, o presidente em exercício, Álvaro Gacía Linera, cogitou fazer passar
a convocação pelo Congresso.
"A CNE diz que não se pode,
que há de se fazer uma lei. Vamos fazer a lei, nenhum problema", disse, segundo a agência
oficial de notícias, ABI.
A controvérsia entre autoridades eleitorais e o governo
Morales é só mais um elemento
da conturbada situação política
boliviana, agravada pela paralisia da principal corte, o Tribunal Constitucional (TC), que
daria a última palavra no tema.
O TC tem hoje 4 de seus 5 assentos vagos, e a CNE funciona
com 2 dos seus 5 membros.
Protesto e militares
Os cinco governadores oposicionistas (de Pando, Beni, Tarija e Chuquisaca, Santa Cruz)
seguem mobilizados contra
Morales em defesa de ampla
autonomia administrativa e da
devolução de parte de um imposto sobre gás redirecionado a
um programa para idosos.
Quatro desses governadores
e Morales -este com 67,4% dos
votos- foram ratificados em
referendo no dia 10, o que contribuiu para acirrar a disputa.
Na região do Chaco (sul), que
concentra a produção de gás,
manifestantes bloqueiam há
dias estradas e acumulam-se
episódios de pequenos confrontos. Ontem, a Força Aérea
anunciou que fará "vôos solidários" para resgatar pessoas impedidas de ir e vir pelos protestos inclusive em Villamontes,
local de um dos megacampos
que enviam gás ao Brasil.
A TV local ATB exibiu imagens de militares destacados
pelo governo para a proteção de
prédios de instituições nacionais nas regiões de oposição.
Ontem, os principais líderes
dos protestos se reuniriam à
noite na cidade de Santa Cruz
de la Sierra para decidir que
medidas tomas contra La Paz.
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, voltou a instar que governo e oposição dialoguem.
Disse que não houve solicitação
de La Paz para que Brasil, Colômbia e Argentina mais uma
vez tentem mediar a conversa.
Com agências internacionais
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