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Região apóia Lugo após denúncia de golpe
Reunião na casa de Lino Oviedo, com participação de ex-presidente Nicanor Duarte, é confirmada por general da ativa
Brasil, Argentina, Colômbia, Chile e OEA manifestam apoio; ex-presidente diz que mandatário foi enganado por gente do seu entorno
Jorge Saenz/Associated Press
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Presidente paraguaio, Fernando Lugo, que assumiu no dia 15 de agosto, deixa sede do governo
DA REDAÇÃO
Países da América do Sul, entre eles o Brasil, divulgaram ontem notas de apoio ao presidente paraguaio, Fernando Lugo, que na véspera denunciou
uma articulação golpista contra o seu governo. Em Assunção, o general Máximo Díaz Cáceres, oficial de ligação entre as
Forças Armadas e o Congresso,
confirmou ter sido chamado a
reunião na casa do general da
reserva Lino Oviedo, com a
participação do ex-presidente
Nicanor Duarte Frutos.
Na segunda-feira, Lugo foi a
público denunciar a suposta articulação golpista de Oviedo e
Nicanor em reunião no domingo à noite e atribuiu a Díaz a
versão. O general corroborou o
relato do presidente e disse
que, indagado sobre o sentimento das Forças Armadas em
relação à atual crise no Senado,
se recusou a opinar e comunicou o episódio à cúpula militar.
O impasse no Senado paraguaio teve início no último dia
26, quando Nicanor prestou juramento como senador eleito
pelo Partido Colorado. Mas a
base governista anulou a sua
posse alegando que, como presidente, ele não poderia ter
concorrido. No Paraguai, ex-presidentes tornam-se senadores vitalícios, com direito a voz,
mas não a voto nem a salário.
O Itamaraty, em geral comedido ao respaldar denúncias do
tipo, divulgou nota de "apoio à
institucionalidade democrática" no país, em que diz confiar
em que "a legitimidade democrática será mantida" e reafirma o apoio a Lugo, "legitimamente eleito pelo povo paraguaio". Em conjunto, os governos do Mercosul, o qual o Paraguai integra, disseram que "a
integração regional é inseparável do respeito à democracia".
Em entrevista no Rio, o
chanceler brasileiro, Celso
Amorim, disse que se preocupa
com a situação, mas não acredita em "nenhuma aventura, inclusive porque já passou a era
das aventuras golpistas" na região. Os governos da Argentina,
do Chile e da Colômbia divulgaram notas em tom similar.
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), José Miguel Insulza, expressou "profunda
preocupação" e disse que toda a
região apóia Lugo.
Embaixadores chamados
Os embaixadores no Paraguai de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador,
México, Peru e Uruguai foram
convocados pelo chanceler Alejandro Hamed Franco para receber detalhes da denúncia e
expressaram apoio "ao presidente Lugo e ao processo democrático". Hamed deverá ser
recebido por Amorim, no Brasil, depois de amanhã.
O general Díaz disse sentir
"pena pela forma com que negam sua presença", em referência à reação de Oviedo e dos demais presentes na reunião.
Ressaltou, porém, que nunca
mencionou uma eventual motivação golpista entre os participantes e que, devido à condição de oficial do Exército, não
poderia emitir juízo sobre o fato, segundo o "ABC Color".
O general confirmou ainda a
participação na reunião dos
presidentes do Senado, o oviedista Enrique González Quinta,
e do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, Juan Manuel
Morales, e do procurador-geral
Rubén Candia.
Oviedo admitiu ter ocorrido
a reunião, mas negou a articulação golpista e atribuiu a denúncia a uma "represália" a
suas declarações de que Lugo
estaria promovendo um "golpe
parlamentar". Nicanor negou
envolvimento em conspiração
e disse que Lugo foi enganado
por pessoas do seu entorno.
Oviedo concorreu à Presidência em abril pela Unace
(União Nacional dos Cidadãos
Éticos), depois de ter sido anistiado no ano passado da acusação de tentativa de golpe contra
o presidente Juan Carlos Wasmosy, em 1996. Na época, a
anistia, atribuída a uma manobra de Nicanor na Suprema
Corte, foi interpretada como
tentativa de tirar votos de Lugo,
já que a Unace flertava com a
candidatura do ex-bispo.
Hoje, a Unace, terceira força
política paraguaia, é o fiel da
balança no Congresso, no qual
a APC (Aliança Patriótica para
a Mudança), de Lugo, não tem
maioria.
Com agências internacionais
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