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Rússia diz que assinou um cessar-fogo, e Geórgia, outro
Diplomata diz que versão de acordo assinada por Medvedev prevê permanência de tropas
Segundo embaixador em
Bruxelas, Moscou cumpre à risca pontos acertados, e UE faz "erro de interpretação" ao criticar atuação russa
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
Rússia e Geórgia assinaram
versões diferentes do acordo
mediado em nome da União
Européia pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, que pôs
fim à guerra travada no Cáucaso no mês passado. A afirmação
foi feita ontem pelo embaixador da Rússia em Bruxelas, Vladimir Chizhov, que negou que
seu país esteja violando o acordo ao manter soldados em território georgiano.
Na segunda-feira, em sua primeira reunião extraordinária
desde 2003, os líderes da UE
decidiram congelar o diálogo
em torno de um acordo de cooperação com Moscou até que o
Exército russo cumpra os seis
pontos do acordo mediado por
Sarkozy e se retire completamente da Geórgia.
Ontem, porém, Chizhov atribuiu as críticas que a Rússia
vem sofrendo por não recuar
suas tropas à posição do dia 7 de
agosto, quando teve início o
conflito, a um "erro de interpretação" do acordo.
Segundo ele, há duas versões
do texto, uma assinada pela
Rússia, e outra pela Geórgia.
"Nós cumprimos o plano assinado por Sarkozy e pelo presidente Dmitri Medvedev no dia
12 de agosto por completo", disse Chizhov, afirmando que o
acordo inclui "medidas de segurança adicionais", sem entrar em detalhes.
"Espero que a confusão seja
esclarecida na visita que o presidente francês fará a Moscou,
na próxima segunda-feira."
Chizhov disse que o acordo
assinado por Medvedev e que
foi registrado nas Nações Unidas incluiu um item prevendo a
discussão do futuro status da
Ossétia do Sul e Abkházia, as
repúblicas separatistas apoiadas por Moscou que estão no
centro da crise. Mas a cláusula
teria sido suprimida da versão
assinada pela Geórgia por exigência do presidente georgiano, Mikhail Saakashvili.
O diplomata afirmou que
apenas 500 soldados russos
permanecem na zona tampão
criada na fronteira com a Ossétia do Sul. Trata-se de uma "força de paz", disse ele, e um de
seus objetivos é evitar a chegada de armas pela cidade portuária de Poti. O chefe do Conselho
de Segurança da Geórgia, Alexander Lomaia, disse, porém,
que 17 mil soldados russos ainda estão em solo georgiano.
"Não temos uma data para a
retirada, porque isso vai depender das condições de segurança
na região e na chegada de monitores internacionais", disse
Chizhov. "Mas claro, eles não
ficarão lá para sempre."
Para o diplomata, a decisão
da UE de adiar as negociações
para a renovação do acordo de
cooperação com a Rússia cria
uma "associação artificial" com
a crise no Cáucaso. "Trata-se de
um sinal político incorreto, endereçado ao lado errado", disse
Chizhov. Ademais, disse ele, "a
UE quer esse acordo tanto
quanto a Rússia". A Europa tem
na Rússia a sua principal fornecedora de gás e petróleo.
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