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CHINA GLOBAL
Uniões duplicaram em cinco anos; estrangeiros dizem que mulher chinesa dá maior valor ao relacionamento
Mais chinesas se casam com ocidentais
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A globalização chegou ao circuito amoroso, e um número crescente de homens ocidentais ruma
ao Oriente em busca do que acreditam não encontrar em seus países de origem: mulheres comprometidas mais com o relacionamento a dois do que com suas
próprias carreiras.
Nas grandes cidades da China, a
visão de homens ocidentais com
mulheres locais é cada vez mais
comum, e as estatísticas mostram
que muitos não estão em busca
apenas de uma aventura exótica.
Enquanto o número total de casamentos na China caiu de 9,39
milhões em 1996 para 8,05 milhões em 2001, os realizados entre
estrangeiros e chineses quase duplicaram, atingindo 79 mil. O número ainda é pequeno, mas representa um crescimento impressionante se comparado com 1985,
quando 22 mil chineses se casaram com estrangeiros, em um total de 8,31 milhões de uniões.
A grande maioria dos casos envolve chinesas com homens ocidentais. Nas inúmeras conversas
formais ou informais que a reportagem da Folha teve com estrangeiros na China, a questão da dedicação à relação amorosa em detrimento da individualidade aparece com maior freqüência entre
as razões da atratividade das mulheres locais.
"As chinesas têm um caráter,
uma personalidade diferentes das
ocidentais. Elas dão mais valor à
relação e levam mais em conta a
visão do homem", afirma o boliviano Alejandro Gustavo Borda,
28, que há pouco mais de um ano
namora Li Ying, chinesa de 28
anos que trabalha na Basf.
Na China há três anos para concluir um mestrado em mecatrônica, Borda diz que considera as bolivianas mais independentes. Ele
termina o curso em um ano, mas
já está buscando uma maneira da
continuar na China, com Li.
Para as chinesas, os estrangeiros
têm certo glamour, costumam ser
divertidos e muitos têm carreiras
promissoras. "Algumas garotas
ainda procuram homens que as
levem para seus países", afirma
Deng Yun Luin, 27, chinesa de
Taiwan que está em Pequim há
dois anos estudando cinema.
Deng já se relacionou com homens chineses, namorou um inglês e um suíço e atualmente está
com um norte-americano. Ela se
recusa a fazer generalizações, mas
diz que os ocidentais costumam
ser mais gentis que os chineses.
Como tudo na China, as mudanças ocorrem em diferente
compasso, dependendo da região. Nas grandes cidades da costa leste, a transformação é muito
mais rápida e as mulheres são menos conservadoras em relação ao
sexo do que no interior.
O fotógrafo norte-americano
Nick Otto, 29, teve as duas experiências. Namorou por um ano
uma chinesa de Qinhuangdao,
com população urbana de 660 mil
habitantes, a 300 km de Pequim.
"Ela tinha 21 anos e a mãe controlava tudo. Ficamos juntos um ano
e nunca fizemos sexo", observa.
Desde que chegou a Pequim, há
cinco meses, Otto namora Zhen
Ying, 29, jornalista que está longe
da imagem de passividade que
muitos homens associam às chinesas. "Ellie [nome inglês de
Zhen] tem uma cabeça bem mais
ocidental", diz Otto.
Com base na sua observação e
nas conversas com outros homens, Otto identifica algumas das
características das chinesas que
seduzem os estrangeiros. "Acho
que muitas das chinesas têm um
jeito infantil e inocente que talvez
atraia muitos homens. É mais fácil desempenhar os papéis masculino e feminino."
Para ele, o casamento com uma
chinesa tem apelo para muitos
homens. "Ela vai dar mais atenção à família, à casa, aos filhos e
provavelmente será uma mulher
mais leal."
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