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ELEIÇÃO NOS EUA
Republicanos consideram o "esquerdista" favorito na disputa democrata e planejam explorar seu discurso "radical"
Bush já mira em Dean como seu adversário
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A 20 dias do início das primárias
que definirão o nome do candidato que concorrerá contra George
W. Bush na eleição norte-americana deste ano, estrategistas republicanos já consideram o democrata Howard Dean como o virtual adversário.
Dean, 56, médico e ex-governador do Estado de Vermont, é hoje
líder nas pesquisas de intenção de
voto para a nomeação democrata
e, sozinho, arrecadou mais fundos do que seus principais colegas
de partido juntos.
A principal arma dos republicanos contra Dean é, paradoxalmente, o próprio Dean e a disputa
autofágica no ninho democrata,
onde nove pré-candidatos disputam a nomeação do partido para a
eleição de 2 de novembro.
Há poucos dias, Dean afirmou
que a captura de Saddam Hussein
em dezembro não tornava os
EUA ""um lugar mais seguro" e
criticou ""a condenação prévia,
sem julgamento formal", do líder
da Al Qaeda, Bin Laden, pelos
atentados de 11 de Setembro.
Sem exceção, os outros oito
oponentes democratas, com o senador John Kerry e o general reformado Wesley Clark à frente,
criticaram fortemente Dean.
Acusações adicionais do próprio campo democrata alegam
que Dean pretende aumentar impostos entre a classe média e que
o pré-candidato vem perdendo ""o
contato com a realidade" ao colocar-se em uma posição de ""esquerda radical" contra Bush.
Estrategistas do partido de Bush
já anunciaram que algumas das
principais peças de campanha na
eleição deste ano serão imagens
de debates e declarações onde
Dean ataca Bush ou é atacado por
seus próprios colegas de partido.
""Os eleitores normalmente não
votam em uma pessoa raivosa e
pessimista para ser o presidente.
Eles querem alguém que, mesmo
em tempos difíceis, olhe para
frente e seja otimista", disse Matthew Dowd, um dos chefes da
campanha de Bush, em entrevista
na semana passada.
Dean, no entanto, continua
apostando na posição de ""esquerda radical" que o distanciou nos
últimos meses dos outros pré-candidatos democratas.
Pesquisa realizada pela revista
""Newsweek" em dezembro colocou Dean com 26% das intenções
de voto entre os democratas registrados, bem à frente, por exemplo, de Kerry, que se manteve em
um patamar de 6%.
Dean mantém ofensiva
Entre os demais pré-candidatos
democratas, plataformas e discursos de campanha vêm se aproximando cada vez mais das dos
republicanos. Dean, ao contrário,
mantém a ofensiva.
""O hábito irresponsável de Bush
de colocar a ideologia à frente dos
fatos resultou no governo mais
perigoso que já vi em toda a minha vida", repetiu Dean em três
discursos em Estados diferentes
na semana passada.
Dean vem dizendo também que
""segurança nacional e econômica" são as ""pedras fundamentais"
de uma eleição. ""Bush tem sido leniente nesses dois pontos", diz.
Entre os republicanos, a expectativa é de que o discurso de Dean
acabe esvaziado pelos fatos. Em
alguma medida, isso já acontece.
Pesquisa publicada na última
semana de dezembro pelo ""Washington Post", por exemplo, mostrou uma melhora na avaliação de
Bush tanto na segurança interna
quanto nas perspectivas econômicas dos EUA -consideradas
por Dean como primordiais.
A avaliação positiva em relação
à atuação norte-americana no
Iraque subiu para 60%, contra
48% em novembro; e 51% dos
americanos acreditam hoje que
Bush esteja se saindo bem na política econômica -o maior percentual desde abril de 2003.
A mesma pesquisa mostrou que
4 em cada 5 americanos acreditam que a sua situação econômica
pessoal deva melhorar neste ano.
Depois de dois anos de resultados magros, Bush fechou 2003
com todas as Bolsas do país no
azul e exibindo um vigoroso crescimento econômico -acima de
8% no terceiro trimestre.
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