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Cheney dá início a roteiro anti-Moscou
Vice-presidente americano chega ao Azerbaijão em viagem que inclui Geórgia e Ucrânia; Rice anuncia US$ 1 bilhão a Tbilisi
Visita a Baku busca promover rota alternativa para petróleo e gás do mar Cáspio; em Kiev, número 2 dos Estados Unidos encontrará convulsão política
DA REDAÇÃO
O vice-presidente dos EUA,
Dick Cheney, chegou ontem ao
Azerbaijão, primeiro destino
de uma visita de dois dias a ex-repúblicas soviéticas que inclui
ainda Geórgia e Ucrânia. O
tour, até agora o mais explícito
desafio ao novo protagonismo
russo na região, visa reforçar os
laços com os governos pró-Ocidente, sobretudo Tbilisi, a
quem Washington anunciou
US$ 1 bilhão em ajuda para o
pós-conflito com Moscou.
Em Baku, capital azerbaijana, Cheney não deixou dúvidas
quanto às razões da visita. "Nos
encontramos à sombra da recente invasão russa da Geórgia.
Acreditamos que devemos trabalhar com o Azerbaijão em rotas alternativas para o livre fluxo dos recursos [energéticos]",
disse. O país é chave para o escoamento do gás e do petróleo
do mar Cáspio por rotas que
evitem o território russo.
Antes de encontrar o presidente azerbaijano, Ilham Aliyev -que, apesar da proximidade com os EUA, preserva relações com a Rússia e o Irã-
Cheney teve encontro com executivos das petroleiras British
Petroleum e Chevron. Depois,
ao lado de Aliyev, disse que "o
presidente Bush tem grande interesse no bem-estar e na segurança dos países da região".
Hoje, Cheney deve encontrar, em Tbilisi, Mikhail Saakashvili, que no mês passado
desencadeou o conflito com a
Rússia ao tentar retomar à força o território separatista da
Ossétia do Sul, na prática sob
tutela de Moscou desde 1992. A
reação russa culminou com o
reconhecimento pelo Kremlin,
há nove dias, da independência
da Ossétia do Sul e da também
autonomista Abkházia.
A visita do mais alto representante americano desde o
início do conflito ocorre um dia
após o anúncio, pela secretária
de Estado, Condoleezza Rice,
de US$ 1 bilhão para a recuperação econômica e da infra-estrutura não militar georgiana
-o equivalente a cerca de 10%
do PIB de antes do conflito.
"Ainda não é hora de olhar para
questões de assistência militar", disse Rice.
Segundo a chanceler, apenas
US$ 570 milhões do total serão
repassados ainda neste ano. O
restante ficará a cargo da próxima administração, que assume
em janeiro. Também ontem, o
Fundo Monetário Internacional anunciou um empréstimo
de US$ 750 milhões a Tbilisi.
Crise na Ucrânia
Na sua terceira e última parada, a Ucrânia, também prevista
para hoje, Cheney encontrará
um governo fortemente pró-Ocidente, mas em séria crise.
Desde ontem, a coalizão entre o
presidente Viktor Yushchenko
e a premiê Yulia Tymoshenko,
formada na Revolução Laranja
anti-Rússia, em 2004, ameaça
rachar por divergências sobretudo acerca da política externa.
Yushchenko acusa o partido
da premiê de unir forças à oposição para votar pela redução
dos poderes presidenciais, de
adotar postura pró-Moscou na
questão da Geórgia e de bloquear medidas para o ingresso
na União Européia e na Otan, a
aliança militar ocidental. O
presidente ameaça convocar
eleições antecipadas. Tymoshenko diz que Yushchenko age
com vistas às eleições de 2009.
O chanceler russo, Serguei
Lavrov, disse que Moscou seguirá "atentamente" as visitas
de Cheney. Na Armênia, país
pró-Rússia que enfrenta disputa territorial com o Azerbaijão,
o presidente do Conselho de
Segurança russo, Nikolai Patrushev, disse que o único objetivo americano com o tour de
Cheney é fornecer apoio em
troca de gás e petróleo.
Com agências internacionais
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