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Estudiosos temem que nada mais
seja tabu para grupos terroristas
WILLIAM KOLE
DA ASSOCIATED PRESS, EM VIENA
No Iraque, terroristas degolam
civis em assassinatos exibidos pela internet. Em Israel, se explodem dentro de ônibus lotados.
Agora, na Rússia, transformaram
uma escola em matadouro.
Cada vez mais, os extremistas
estão se tornando ousados e frios
na escolha de alvos ditos ""soft".
Os especialistas em contraterrorismo dizem temer que nada mais
seja visto como tabu para radicais
interessados em conseguir impacto e publicidade máximos para sua causa.
""Eles estão atravessando limiares. Não há dúvida nenhuma disso", comentou Jonathan Stevenson, do Instituto Internacional de
Estudos Estratégicos (EUA).
A escolha desses alvos fáceis é
fruto da necessidade de chamar a
atenção de um público global no
qual está cada vez mais difícil provocar um sentimento de choque,
da crescente sofisticação dos terroristas e da cooperação entre
grupos que podem ter pouco em
comum em termos de causas.
Segundo o especialista em contraterrorismo Rohan Gunaratna,
de Cingapura, os extremistas da
Tchetchênia vêm, cada vez mais,
adotando as táticas da Al Qaeda e
de outros grupos terroristas vindos do Oriente Médio.
""Nos últimos tempos eles explodiram mesquitas, atacaram infra-estrutura de transportes, destruíram aviões e, agora, realizaram uma tomada maciça de reféns", disse ele.
""Esses grupos não são inovadores -eles copiam e imitam o que
vêem. Em termos de escala, os fatos mais recentes são inusitados.
Eles se enquadram na categoria
dos ataques espetaculares que
lembram a Al Qaeda."
Especialistas que monitoram
células terroristas disseram que a
tendência a atacar alvos "soft" é
inegável e, provavelmente, não
pode ser impedida.
No final dos anos 60, seqüestradores palestinos foram os pioneiros no seqüestro de aviões comerciais. Nos anos 70, o IRA (Exército
Republicano Irlandês) foi pioneiro no uso de carros-bomba no
Reino Unido e na Irlanda do Norte, embora, de modo geral, procurasse evitar a morte de civis em
grande número.
Uma década mais tarde, grupos
militantes xiitas libaneses pró-iranianos utilizaram os seqüestros
com efeito máximo, mantendo
dezenas de estrangeiros em cativeiro durante anos.
Na década de 90, os alvos preferidos passaram a ser embaixadas,
prédios governamentais e metrôs.
Mas foram extremistas palestinos os primeiros a fazer amplo
uso da estratégia suicida, aproveitando a vantagem apavorante
própria de quem não apenas se
dispõe a morrer, mas se mostra
ansioso por isso.
Nos últimos dez anos, pessoas
que se transformaram em bombas ambulantes devastaram o
processo de paz no Oriente Médio
e mataram centenas de israelenses, transformando cada ida a um
café ou saída em ônibus numa
aposta de risco.
Mais recentemente, radicais islâmicos começaram a decapitar
alguns dos reféns que seqüestram, e imagens em vídeo de alguns dos incidentes chegaram à
internet. A tática vem causando
medo e repulsa possivelmente
maiores do que o que seria conseguido com a morte de um número maior de inocentes de maneira
menos extraordinária.
Uma explicação possível para a
tendência ao aumento da crueldade e do choque é que as táticas que
provocaram ultraje internacional
20 anos atrás -como o seqüestro
do navio italiano Achille Lauro,
em 1985, por militantes palestinos
que mataram um turista americano preso a uma cadeira de rodas e
atiraram seu corpo ao mar- podem parecer relativamente brandas num mundo ainda estarrecido com os ataques de 11 de setembro de 2001. ""Os militantes agora
tentam ferir seus inimigos de
qualquer maneira possível, então
buscam alvos fáceis como escolas
e estações de metrô", disse Dia'a
Rashwan, especialista egípcio em
extremismo islâmico.
Tradução de Clara Allain
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