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Candidatos passam a usar verba pública na campanha
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Depois de já terem gastado quase US$ 400 milhões na atual campanha americana, os candidatos
republicano George W. Bush e o
democrata John Kerry terão mais
US$ 75 milhões cada um em verbas públicas para a reta final.
Na campanha mais cara da história dos EUA, a estimativa é que
o dinheiro arrecadado até agora
ultrapasse a casa do US$ 1,4 bilhão, segundo cálculos do independente Instituto de Financiamento de Campanha dos EUA.
O valor inclui verbas arrecadadas pelos outros nove pré-candidatos democratas que perderam a
nomeação para Kerry e por grupos "independentes" que têm
custeado anúncios favoráveis aos
democratas e aos republicanos.
O recorde de arrecadação ocorre apesar das regras que impedem
as empresas de doar milhões diretamente aos candidatos.
A lei mais dura para evitar o
lobby político em cima de grupos
empresariais foi burlada por grupos apelidados de "527" -referência à brecha na lei que permitiu doações a órgãos "independentes"- e por um gigantesco
aumento do número de empregados de grandes corporações que
fizeram doações "espontâneas".
Os "527" incluem, por exemplo,
grupos como o MoveOn.com, um
dos mais ativos a favor de Kerry, e
o Swift Boat Veterans, que vem
bancando anúncios de TV para
atacar a biografia de herói do
Vietnã do candidato democrata.
Nessa campanha, outra grande
novidade foi o uso maciço de doações via internet, que favoreceram principalmente Kerry. Pela
primeira vez, os democratas conseguiram se equiparar aos republicanos na arrecadação total. Até
julho, Kerry obteve US$ 233,3 milhões, e Bush, US$ 242 milhões.
O recorde absoluto de levantamento de fundos foi obtido pelo
fato de os candidatos terem desistido do financiamento público na
primeira fase da campanha, o que
os deixou livres de um teto de arrecadação. Decisão comum em
campanhas republicanas, isso
nunca havia ocorrido na história
do Partido Democrata.
Depois das convenções dos dois
partidos, há agora um limite de
gastos de US$ 75 milhões para cada um. A verba é pública. Ao recebê-la, os partidos são obrigados a
desligar a máquina de arrecadação e a parar de gastar dinheiro
arrecadado de forma privada.
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