São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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Candidatos passam a usar verba pública na campanha

FERNANDO CANZIAN

ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Depois de já terem gastado quase US$ 400 milhões na atual campanha americana, os candidatos republicano George W. Bush e o democrata John Kerry terão mais US$ 75 milhões cada um em verbas públicas para a reta final.
Na campanha mais cara da história dos EUA, a estimativa é que o dinheiro arrecadado até agora ultrapasse a casa do US$ 1,4 bilhão, segundo cálculos do independente Instituto de Financiamento de Campanha dos EUA.
O valor inclui verbas arrecadadas pelos outros nove pré-candidatos democratas que perderam a nomeação para Kerry e por grupos "independentes" que têm custeado anúncios favoráveis aos democratas e aos republicanos.
O recorde de arrecadação ocorre apesar das regras que impedem as empresas de doar milhões diretamente aos candidatos.
A lei mais dura para evitar o lobby político em cima de grupos empresariais foi burlada por grupos apelidados de "527" -referência à brecha na lei que permitiu doações a órgãos "independentes"- e por um gigantesco aumento do número de empregados de grandes corporações que fizeram doações "espontâneas".
Os "527" incluem, por exemplo, grupos como o MoveOn.com, um dos mais ativos a favor de Kerry, e o Swift Boat Veterans, que vem bancando anúncios de TV para atacar a biografia de herói do Vietnã do candidato democrata.
Nessa campanha, outra grande novidade foi o uso maciço de doações via internet, que favoreceram principalmente Kerry. Pela primeira vez, os democratas conseguiram se equiparar aos republicanos na arrecadação total. Até julho, Kerry obteve US$ 233,3 milhões, e Bush, US$ 242 milhões.
O recorde absoluto de levantamento de fundos foi obtido pelo fato de os candidatos terem desistido do financiamento público na primeira fase da campanha, o que os deixou livres de um teto de arrecadação. Decisão comum em campanhas republicanas, isso nunca havia ocorrido na história do Partido Democrata.
Depois das convenções dos dois partidos, há agora um limite de gastos de US$ 75 milhões para cada um. A verba é pública. Ao recebê-la, os partidos são obrigados a desligar a máquina de arrecadação e a parar de gastar dinheiro arrecadado de forma privada.


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