|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PESQUISA
Datafolha revela que 20% pretendem boicotar produtos dos países envolvidos no conflito
No Brasil, 90% são contra a guerra
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisa nacional do Datafolha
revela que 90% dos brasileiros se
opõem à ação militar da coalizão
anglo-americana no Iraque. Apenas 7% disseram estar a favor.
Feita entre 31 de março e 1º de
abril, a pesquisa ouviu 5.729 pessoas maiores de 16 anos, em 229
municípios de todos os Estados. A
margem de erro é de dois pontos
para mais ou para menos.
A oposição à guerra é majoritária em todos os segmentos da sociedade. Ela está presente em 87%
dos homens e 92% das mulheres,
em 86% de pessoas no Norte/
Centro-Oeste e em 92% dos que
moram no Sul, em 91% dos simpatizantes do PT e 86% dos que
preferem votar no PFL.
As oscilações são também pouco significativas quando se comparam segmentos que reagem de
forma bem contrastada em pesquisas eleitorais.
Opõem-se à guerra 92% dos que
têm de 25 a 34 anos e 86% dos que
têm 60 anos ou mais. Quanto ao
grau de escolaridade, a diferença
(89% a 91%) oscila dentro da
margem de erro. O mesmo ocorre
com relação à renda familiar.
A coalizão anglo-americana
provocou uma quase unanimidade, raríssima na história recente
da opinião pública brasileira.
Entre os entrevistados, 86% tomaram conhecimento do ataque
ao Iraque. Consideram-se bem
informados 26%, e, mais ou menos informados, 46%.
Apoio ao presidente
Indagados sobre o pronunciamento do presidente da República contra a guerra, 86% disseram
que ele agiu bem. O resultado é
praticamente o mesmo em se tratando de entrevistados de 45 a 59
anos (88%), escolaridade superior (89%) ou renda familiar até
cinco salários mínimos (86%).
Não há diferenças significativas
no apoio a Lula entre empresários
(83%), funcionários públicos
(86%), estudantes (89%) ou desempregados (81%).
Quando está em jogo a preferência partidária do entrevistado,
a menor aprovação vem dos simpatizantes do PSB (64%), e a
maior, previsivelmente, dos simpatizantes do PT (91%).
O Datafolha perguntou se o entrevistado pretendia deixar de
comprar produtos ou serviços
que tenham como origem países
envolvidos na guerra.
A resposta foi sim para 20% e
não para 79% dos entrevistados.
Entre os que responderam afirmativamente, 79% pretendem
boicotar produtos norte-americanos, 18%, produtos iraquianos, e
15%, produtos do Reino Unido.
Coca-Cola (17%), McDonald's
(11%) e Nike (4%) foram marcas
lembradas pela minoria disposta
ao boicote. Seguem-se, com 1%,
Pepsi, Reebok e Microsoft.
Produtos de origem britânica
foram lembrados de um modo
genérico. Quanto aos produtos
iraquianos, a memória do consumidor é confusa, mesmo porque,
com o embargo comercial em vigor naquele país desde 1991, o Iraque só foi autorizado a exportar o
petróleo necessário para importar
alimentos e remédios.
(JOÃO BATISTA NATALI)
Texto Anterior: Bagdá a cidade proibida: Controle de informações e inúmeros desmentidos fazem com que poucos realmente saibam o que acontece na capital iraquiana Próximo Texto: Falta míssil para ataque em massa, afirma brigadeiro Índice
|