|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Libanês vê risco real, e israelense, jogo de cena
Analistas ouvidos pela Folha debatem chance de ataque
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas consultados
pela Folha divergem sobre a
possibilidade de um ataque israelense ao Irã.
O libanês Rami Khouri é dos
mais preocupados. "Israel não
está blefando. Os israelenses já
bombardearam o Iraque e, recentemente, a Síria. Não vejo
por que não atacariam o Irã",
diz o editor-chefe do jornal
"Daily Star", de Beirute.
Para Khouri, o fato de Israel
falar em atacar o Irã ao mesmo
tempo em que negocia com
grupos pró-Teerã como Hizbollah e Hamas não é paradoxal.
"A diplomacia às vezes caminha junto com a guerra, é uma
maneira de manter todas as opções em aberto", expõe.
Tom semelhante foi usado
pela revista britânica "Economist". Em editorial, a publicação afirmou que os riscos de
guerra generalizada e de explosão no preço do petróleo não
assustam Israel.
"Tendo em vista a sua história, os israelenses estão dispostos a correr qualquer risco para
impedir que um governo que
prega a destruição de seu país
obtenha os meios de pôr em
prática o seu desejo", diz a
"Economist".
Trita Parsi, do Conselho Nacional Iraniano-Americano, é
mais cético. "Israel está fazendo muito barulho em cima dessa história. Conhecendo os israelenses, eu ficaria mais preocupado se eles estivessem calados", diz o especialista, que enxerga as ameaças como uma
forma de pressão psicológica.
Concorda a americana Jacqueline Shire, do Instituto pela
Segurança Internacional. Ela
cita o silêncio recente do presidente Mahmoud Ahmadinejad
nos últimos dias e a melhora no
clima do diálogo entre o Ocidente e o Irã como reflexo do
"tom barra-pesada" de Israel.
Yossi Melman, veterano analista do jornal israelense "Haaretz", afirma que o risco de ataque existe, mas que a tensão
atual é um jogo de cena destinado a mostrar que Israel não
descarta a opção militar.
Segundo Melman, dois fatores tornam a possibilidade de
ataque muito remota: a fraqueza do premiê Ehud Olmert,
desmoralizado por acusações
de corrupção, e o fato de uma
ofensiva ser impensável sem a
ajuda dos EUA, cujo Exército
está atolado no Iraque e no
Afeganistão, sem condições de
abrir mais uma frente militar.
O belga Alain De Neve ressalta que os aliados Israel e EUA
às vezes têm agendas divergentes. "Às vésperas da eleição
presidencial, o governo americano vive uma espera estratégica, e até os aliados mais fiéis
acabam tendo que se curvar a
esse contexto", diz.
De Neve afirma ainda que a
fracassada guerra contra o Hizbollah, em 2006, provou aos israelenses que "bombardeios
não se traduzem necessariamente em vitória".
(SAMY ADGHIRNI)
Texto Anterior: Israel deixa no ar ameaça de atacar o Irã contra bomba Próximo Texto: Frases Índice
|