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Para ONG, ação faz garotas entrarem em uniões de risco
EM CAMPALA (UGANDA)
A política anti-Aids do governo de Uganda atenta contra os
direitos humanos e pode colocar vidas em risco. Este é o veredicto de um relatório de 2005
da Human Rights Watch
(HRW), respeitada ONG baseada nos EUA. "Amplamente
considerada líder na prevenção
da Aids, Uganda está redirecionando sua estratégia de métodos cientificamente comprovados para programas de caráter
ideológico", disse a ONG.
Segundo o relatório, que defende a promoção da camisinha, "o efeito é o de substituir
estratégias de saúde pública
consistentes por mensagens
não comprovadas e que podem
ameaçar a vida, impedindo a
realização do direito humano
da informação".
A HRW aponta uma brecha
no programa de abstinência
que algumas ONGs locais também percebem: geralmente,
quem segue a orientação são as
mulheres. "Garotas de menos
de 18 anos em sua maioria se
casam com homens que há
anos são ativos sexualmente e
não usam camisinha."
Algo parecido diz Syahuka
Hannington, diretor-executivo
da Rede de Organizações de
Aids de Uganda, que reúne cerca de mil ONGs. "Abstinência
não é tão simples assim. Faz
sentido se abster para depois
casar com um homem infectado com o HIV?"
A opinião de Hannington deve ser vista, no entanto, mais
como um reparo no que é no
geral uma opinião favorável da
estratégia do governo. Na sua
ofensiva anti-Aids, que já dura
duas décadas, o governo foi
bem-sucedido em cooptar as
ONGs locais. "Há praticamente
um consenso nacional em torno do tema", diz Hannington.
Segundo os estudos da ONG,
99% da população hoje sabe o
que é a Aids, mas apenas 42% se
protege da doença.
Francis Nahamya, presidente de outra ONG ugandense, o
Centro de Informações da Aids,
aprova a mensagem propagada
pelo governo. "O que nós dizemos aos jovens é: você ainda é
novo, você pode esperar." Sua
ONG destina-se a oferecer informação e aconselhamento,
com oito escritórios no país e
170 funcionários. Um dos doadores é o governo dos EUA.
O preservativo é, segundo
Nahamya, defendido como
uma válvula de escape. "Camisinha é uma opção para os que
não podem se abster ou serem
fiéis. Nesse caso, pelo menos
use a camisinha", afirma.
(FZ)
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