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Jovens celebram "contratos" de abstinência com pastor pop
EM CAMPALA (UGANDA)
Casado e com cinco filhos, o
pastor Martin Ssempa, 40, é
uma das vozes mais estridentes
da política do governo de Uganda de "terceirizar" parte da promoção da abstinência sexual
para as igrejas. "Nossa visão
não é a dos europeus e americanos, que diz que você pode ter
sexo com quem escolher", diz.
A cada sábado, Ssempa reúne
em sua igreja grupos de jovens
para celebrar "contratos de
abstinência". Pequenos cartões
que podem ser carregados na
carteira são assinados por jovens. "Faço uma comunhão
com Deus, comigo, minha família, meus amigos, minha nação, meu futuro cônjuge e meus
futuros filhos de ser abstêmio
desse dia até o dia em que eu
entrar num casamento monogâmico e para a vida toda", diz o
"contrato". Ssempa diz que
chega a reunir 3.000 jovens em
alguns desses eventos.
Sua agressiva estratégia de
marketing lembra a dos televangelistas americanos. Ele
distribui um "business card"
em que se apresenta como
"uma voz fervorosa na luta global contra HIV/Aids". Gosta de
se apresentar não apenas como
pastor, mas como "CEO" de um
conglomerado de ONGs que
promovem a abstinência.
Ssempa tem website, programas de rádio e é figura fácil na
TV, em passeatas e seminários,
locais e internacionais. Na
América Latina, esteve no México, mas nunca no Brasil.
Um ajudante confidencia
que ele sonha levar Kaká, jogador do Milan e da seleção brasileira conhecido pelo fervor religioso, para visitar Uganda.
O pastor é um aliado do presidente Yoweri Museveni, e seu
desprezo pela camisinha é assumido. "Quando as pessoas
têm muito acesso à camisinha,
se tornam promíscuas", afirma.
Há alguns anos, Ssempa fez
questão de ser filmado queimando um lote de preservativos. "Eram camisinhas defeituosas." É um grande admirador do presidente dos EUA,
George W. Bush. Mas espreita
inimigos e ameaças em todos os
cantos, principalmente entre
feministas e as ONGs internacionais que atuam no país.
"Para nós, o que você faz na
privacidade do seu quarto não é
só da sua conta. É da conta de
todos. Aqui todos pertencemos
a clãs. Quando um está doente,
estamos todos doentes."
(FZ)
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