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SUCESSÃO NOS EUA / CRISE EM FOCO
Economia domina reinício da campanha
Formalizados candidatos, Obama e McCain voltam às ruas no dia em que EUA registram maior desemprego em cinco anos
Adversários defendem duas soluções distintas para crise pela qual o país passa; para analistas, debate sobre o tema favorece democratas
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Uma vez oficializados candidatos em suas respectivas convenções partidárias, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain retomaram ontem a corrida à Casa
Branca, 60 dias antes da eleição, focando a preocupação número um dos eleitores americanos: a economia.
O tema dominou o noticiário
de ontem devido à divulgação
dos números do desemprego,
que atingiram em agosto o
maior nível em quase cinco
anos nos EUA, 6,1%. Tal cenário é desfavorável a McCain,
cujo ponto fraco nesta campanha -na visão do eleitor, segundo pesquisas de opinião- é
a imperícia econômica.
Além disso, crises econômicas em curso costumam prejudicar os candidatos governistas, como ocorreu em 1980 com
o democrata Jimmy Carter e
em 1992 com o republicano
George Bush.
Um dos reflexos disso é que,
nesta semana, a Convenção Republicana tentou levar o foco
dos eleitores para a discussão
sobre valores morais e para as
diferenças de personalidade e
experiência entre McCain e seu
adversário, enquanto os democratas, na semana anterior, fizeram da crise o tema central.
Ontem, Obama usou os números do Departamento do
Trabalho para colar a imagem
do rival à do atual governo, cuja
impopularidade chega a 70%.
"[McCain quer] continuar as
políticas econômicas que neste
ano levaram à perda de 605 mil
empregos. O relatório é uma
forte lembrança do que está em
jogo nestas eleições", afirmou,
em campanha na Pensilvânia.
Distanciamento
Já McCain, que passou a tentar vender a imagem de reformista, não demorou a emitir
nota dizendo que "Washington
falhou em agir" quanto à crise.
"Os americanos estão sofrendo, e precisamos agir para criar
empregos", disse. Ele prometeu aprovar um programa para
criação de postos de trabalho e
treinamento para adaptar desempregados a um mercado
que passa por mudança.
A diferença entre os dois partidos na abordagem do problema é clara. Tomando-se o número de menções a temas ligados à economia pelos principais oradores das convenções
partidárias, republicanos e democratas praticamente se
equiparam. Mas enquanto para
os governistas economia se traduz em "negócios" e "redução
de impostos", para a oposição
ela é hoje definida por "crise" e
"empregos".
Ontem, Obama sugeriu ao
Congresso um novo pacote de
estímulo econômico que injetaria US$ 100 bilhões, com base
em um plano já divulgado, e
prometeu um corte de impostos que somaria US$ 1.000 para
a classe média. Já McCain voltou a defender um dos pilares
da plataforma republicana:
cortes de impostos para empresa, o que, ele afirma, ajudará a
criar empregos.
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