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Para analistas, convenções não alteram panorama eleitoral
DE NOVA YORK
As convenções partidárias
encerradas anteontem não deverão alterar substancialmente
o cenário da disputa eleitoral
nos EUA, com a exposição do
republicano John McCain nesta semana anulando a vantagem que Barack Obama havia
obtido após o encontro democrata, na semana passada.
Analistas ouvidos pela Folha
acreditam que ambas as convenções serviram para consolidar a base dos eleitorados de
cada partido, mas não bastaram para definir o voto do eleitorado independente.
Como é comum em convenções, o evento democrata foi
seguido por um crescimento de
Obama nas pesquisas de opinião. A média das últimas pesquisas calculada pelo Real
Clear Politics mostra o democrata com 46,6% da preferência, contra 44% de McCain.
Mas os estudos, feitos entre 29
de agosto e anteontem, ainda
não abarcam todo o impacto da
Convenção Republicana.
Ontem, o levantamento diário feito pelo Instituto Rasmussen mostra que o empate
técnico entre os candidatos está voltando: o democrata tem
46% e o republicano, 45%, com
margem de erro de dois pontos.
Segundo o analista sênior do
Instituto Brookings Stephen
Hess, "o balanço final é que as
duas convenções foram muito
boas e acabaram se anulando".
Os independentes, para
Hess, têm motivos para pender
para ambos os lados e até agora
não foram conquistados definitivamente -nem mesmo pelas
tentativas de McCain de se
mostrar como reformista e livre de amarras partidárias.
Talvez porque, paradoxalmente, "nenhuma das propostas políticas de McCain tenha
fugido dos pilares do governo
Bush ou da ortodoxia republicana", disse outro analista do
Brookings, Thomas Mann.
Outra estratégia do republicano, de reforçar seu passado
de prisioneiro de guerra no
Vietnã, também é alvo de dúvida dos analistas. "McCain é
certamente um homem honrado, mas sua história de herói de
guerra não é determinante para as eleições", afirma Hess.
Bases satisfeitas
Por outro lado, tanto situação quanto oposição tiveram
grandes êxitos ao unir os partidos e conquistar o apoio de suas
bases. "Obama precisava agradar os eleitores que nas primárias votaram em Hillary Clinton, democratas mais tradicionais; McCain precisava mostrar aos conservadores que seu
governo seria uma resposta a
seus anseios. Ambos foram
bem-sucedidos", afirma Clint
Hender, analista político da
Universidade Columbia.
Do lado republicano, porém,
faz ressalvas à arma de McCain
para atrair os conservadores, a
indicada à Vice-Presidência Sarah Palin. "Quando começarem
a debater temas como economia e sistema de saúde, o entusiasmo com ela vai esvaecer."
Na disputa da audiência, ao
menos, McCain saiu vencedor
ante Obama: superou o recorde
que havia sido estabelecido pelo democrata em seu discurso,
com 38,9 milhões contra 38,3
milhões de espectadores.
(AM)
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