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G8 vai condenar Mugabe, afirmam EUA
Segundo Berlim, líderes discutem endurecer sanções após repressão à oposição na campanha eleitoral
CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A HOKKAIDO
O G8, o clube que reúne os sete países mais ricos do mundo e
a Rússia, "vai condenar fortemente a legitimidade do governo Robert Mugabe e a sua maneira de governar o Zimbábue",
antecipou ontem Denis Wilder,
diretor-sênior para a Ásia do
Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
A linha dura foi adotada, na
véspera da abertura da cúpula
deste ano do G8, também pelo
primeiro-ministro britânico,
Gordon Brown, e pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Merkel disse que os líderes
do G8 vão discutir como endurecer as sanções ao Zimbábue,
na esteira das eleições recentes
-quando a oposição foi fortemente reprimida na campanha
do segundo turno e houve relatos de intimidação. Brown tem
sido o campeão no esforço para
condenar a violência praticada
pelo regime Mugabe.
A situação nesse país africano certamente surgirá em dois
outros momentos, além da cúpula do G8 em si. Primeiro, na
cúpula do G5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul).
É sintomático que Thabo
Mbeki, o presidente sul-africano, tenha viajado diretamente
de Harare, a capital do Zimbábue, para o Japão, depois de
uma visita controvertida a Mugabe, há 28 anos no poder.
Tão controvertida que o líder
oposicionista Morgan Tsvangirai -que venceu o primeiro
turno, em março, mas abandonou o segundo ante a violência- recusou-se a participar da
reunião com Mbeki e Mugabe,
embora convidado. Alegou que,
se comparecesse, daria ao ditador uma legitimidade que
Tsvangirai não lhe reconhece.
Implicitamente, está dizendo que o sul-africano legitimou
o triunfo eleitoral de Mugabe.
Não deixa de ter certa razão,
na medida em que Mbeki, após
a reunião, disse que "todos os
envolvidos deveriam mover-se
rapidamente no sentido de
achar uma solução [para a crise]". "Todos", como é óbvio, inclui Mugabe, cuja legitimidade
está posta em questão no G8.
Para complicar, três dissidentes do partido de Tsvangirai
participaram da reunião, o que
enfraquece a posição do líder
oposicionista e dá a Mugabe
mais fôlego para reiterar sua
exigência de que a solução da
crise passe pelo reconhecimento de sua liderança, o que a
maior fatia da oposição nega.
Promessas
Depois do encontro do G5,
Mbeki se une aos demais líderes do grupo para uma reunião
com o G8, que, à essa altura, já
terá decidido (ou não) endurecer o tom contra Mugabe.
O sul-africano aproveitará
para reclamar que o G8 descumpre sistematicamente suas
promessas de ajuda à África. Na
cúpula de 2005, prometera dobrar até 2010 o apoio financeiro aos países africanos, elevando-o a US$ 25 bilhões. Até agora, no entanto, pingou apenas
pouco mais de US$ 6 bilhões.
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