São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Após vídeo, Cruz Vermelha critica Colômbia

Entidade diz que imagens indicam uso deliberado e impróprio de seu símbolo, o que configura violação de Convenções de Genebra

Organização diz que cobrará de Bogotá a punição de responsáveis; ministro de Uribe diz que episódios como esse não se repetirão


MARCELO NINIO
DE GENEBRA

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) subiu o tom de suas críticas ao governo de Bogotá depois da divulgação de novas imagens do resgate de Ingrid Betancourt e outros 14 reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que comprovam o uso indevido da insígnia da organização humanitária.
No vídeo, exibido na segunda-feira pelo canal privado RCN, mais de um soldado aparece usando o emblema da Cruz Vermelha antes mesmo do início da operação do dia 2 de julho. As imagens desmentem a versão fornecida pelo governo de Álvaro Uribe, de que um soldado havia vestido um jaleco da organização no último momento "por nervosismo".
Em comunicado divulgado ontem em Genebra, o CICV manifestou "séria preocupação" com o uso indevido de seu símbolo. A organização advertiu que o fato representa grave violação das Convenções de Genebra -conjunto de regras para proteger os direitos humanos em situações de conflito.
"As novas imagens parecem comprovar o uso deliberado e impróprio do emblema", disse à Folha Anna Schaaf, porta-voz do CICV. Ela reconheceu que a organização não tem meios legais para agir contra o governo colombiano, e que sua reação limita-se ao protesto e a um pedido de esclarecimento. Schaaf também descartou uma redução no nível de atividade do CICV na Colômbia.
Mas a organização humanitária disse esperar uma resposta do governo colombiano sobre a violação e possíveis punições aos responsáveis. "Estamos em contato com as autoridades colombianas para esclarecer o que aconteceu exatamente", disse Dominik Stillhart, vice-diretor de operações do CICV.
Stillhart disse que o respeito ao emblema é essencial para que a organização mantenha o status de neutralidade que lhe permite prestar assistência a vítimas de conflitos. "O CICV depende da confiança de todas as partes em conflito para exercer suas ações humanitárias."
O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que o país não voltará a desrespeitar a insígnia da Cruz Vermelha. "Ninguém nas Forças Armadas ou no país vai desrespeitar esse símbolo ou usá-lo indevidamente, porque já tomamos consciência. Muita gente não sabia quão importante é respeitar os símbolos de organizações internacionais."


Com agências internacionais


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