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Após vídeo, Cruz Vermelha critica Colômbia
Entidade diz que imagens indicam uso deliberado e impróprio de seu símbolo, o que configura violação de Convenções de Genebra
Organização diz que cobrará de Bogotá a punição de responsáveis; ministro de Uribe diz que episódios como esse não se repetirão
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O Comitê Internacional da
Cruz Vermelha (CICV) subiu o
tom de suas críticas ao governo
de Bogotá depois da divulgação
de novas imagens do resgate de
Ingrid Betancourt e outros 14
reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que comprovam o uso indevido da insígnia da organização humanitária.
No vídeo, exibido na segunda-feira pelo canal privado
RCN, mais de um soldado aparece usando o emblema da
Cruz Vermelha antes mesmo
do início da operação do dia 2
de julho. As imagens desmentem a versão fornecida pelo governo de Álvaro Uribe, de que
um soldado havia vestido um
jaleco da organização no último
momento "por nervosismo".
Em comunicado divulgado
ontem em Genebra, o CICV
manifestou "séria preocupação" com o uso indevido de seu
símbolo. A organização advertiu que o fato representa grave
violação das Convenções de
Genebra -conjunto de regras
para proteger os direitos humanos em situações de conflito.
"As novas imagens parecem
comprovar o uso deliberado e
impróprio do emblema", disse
à Folha Anna Schaaf, porta-voz do CICV. Ela reconheceu
que a organização não tem
meios legais para agir contra o
governo colombiano, e que sua
reação limita-se ao protesto e a
um pedido de esclarecimento.
Schaaf também descartou uma
redução no nível de atividade
do CICV na Colômbia.
Mas a organização humanitária disse esperar uma resposta do governo colombiano sobre a violação e possíveis punições aos responsáveis. "Estamos em contato com as autoridades colombianas para esclarecer o que aconteceu exatamente", disse Dominik Stillhart, vice-diretor de operações do CICV.
Stillhart disse que o respeito
ao emblema é essencial para
que a organização mantenha o
status de neutralidade que lhe
permite prestar assistência a
vítimas de conflitos. "O CICV
depende da confiança de todas
as partes em conflito para exercer suas ações humanitárias."
O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos,
disse que o país não voltará a
desrespeitar a insígnia da Cruz
Vermelha. "Ninguém nas Forças Armadas ou no país vai desrespeitar esse símbolo ou usá-lo indevidamente, porque já tomamos consciência. Muita
gente não sabia quão importante é respeitar os símbolos de
organizações internacionais."
Com agências internacionais
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