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IRAQUE SOB TUTELA
Premiê afirma que TV do Qatar incita a violência; decisão contraria liberdade de imprensa, diz emissora
Iraque fecha sede da Al Jazira em Bagdá
DA REDAÇÃO
O governo interino iraquiano
ordenou ontem o fechamento dos
escritórios em Bagdá da rede de
TV do Qatar Al Jazira por ao menos um mês -a decisão foi confirmada pelo premiê interino do
país, Iyad Allawi, que defendeu a
necessidade de "proteger o povo
do Iraque". A emissora classificou
o fechamento de "injustificável".
Segundo Allawi, o governo interino monitorou as transmissões
da Al Jazira nas últimas quatro semanas e concluiu que a rede incita
a violência e o ódio no país.
"É lamentável", declarou Jihad
Ballout, porta-voz da TV do Qatar. "Essa decisão contraria todas
as promessas feitas pelas autoridades iraquianas para garantir a
liberdade de expressão e a liberdade de imprensa", acrescentou.
"A princípio, acataremos a decisão, mas veremos quais medidas
legais a serem tomadas", disse o
advogado da rede Haide al Mulla.
Tutelado pelos americanos, o
governo de Allawi manteve, desde
que chegou ao poder no final de
junho, as críticas à Al Jazira que
eram feitas pela Casa Branca durante o regime da Autoridade
Provisória da Coalizão no pós-guerra. Em abril último, o governo americano chegou a pedir ao
Qatar que cortasse o financiamento público à emissora, após o
secretário de Estado Colin Powell
usar a Al Jazira como exemplo das
"questões difíceis" das relações
entre os dois países.
Na semana passada, o ministro
iraquiano Falah al Naqib (Interior) acusara os canais árabes por
satélite de encorajar seqüestros
no Iraque ao exibir vídeos dos reféns ameaçados de execução. A
retórica foi mantida ontem, quando um assessor de Allawi afirmou
que a Al Jazira "encoraja criminosos e gângsteres" no país.
A acusação foi rebatida pelo
porta-voz Ballout: "Não somos
uma organização política favorável ou contrária a qualquer pessoa. Mostramos o que acontece
nas ruas da forma mais objetiva e
balanceada possível".
Ballout disse ainda que, apesar
do fechamento de seu principal
centro de operações no país, a Al
Jazira continuará no Iraque.
Anistia
Allawi assinou ontem a lei que
anistia iraquianos que cometeram crimes considerados de menor gravidade -pessoas detidas
com armas e explosivos leves ou
que forneceram ajuda a grupos
terroristas, por exemplo. Condenados por assassinato, no entanto, não serão perdoados.
"Essa lei destina-se a indivíduos
que tenham cometido crimes menores e que não tenham sido presos ou processados", disse Allawi.
Em Najaf (sul), houve tiroteios
esporádicos entre soldados americanos e militantes xiitas leais ao
clérigo Moqtada al Sadr, mas a
maior parte da cidade estava deserta. Os líderes xiitas estão negociando um novo cessar-fogo na
cidade e pediram à ONU que articule o fim das ações militares.
Com agências internacionais
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