São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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REVOLTA ÁRABE

EUA ameaçam reter ajuda ao Egito se houver violência

Verba oferecida por Washington, de US$ 1,5 bilhão, é usada na manutenção e reforço das Forças Armadas

Emenda na Constituição impõe limites para a reeleição presidencial e facilita o acesso de candidatos da oposição

Ben Curtis/Associated Press
Manifestantes tiram fotos de faixa com caricatura de Hosni Mubarak, na praçaTahrir

DE WASHINGTON
DO ENVIADO AO CAIRO


Funcionários da Casa Branca afirmaram ontem que o governo dos EUA vai revisar a ajuda financeira que oferece anualmente ao Egito.
Ela poderá ser suspensa se o Cairo lançar repressão violenta sobre a oposição.
O governo americano oferece cerca de US$ 1,5 bilhão por ano ao Egito, verba usada basicamente para manutenção e fortalecimento das Forças Armadas.
Até agora, Washington teve posição conflitante no tema. O porta-voz da Presidência, Robert Gibbs, chegou a sugerir no fim de janeiro que o governo revisaria a ajuda, mas, na mesma época, a secretária de Estado, Hillary Clinton, negou.
Gibbs listou ontem três pontos que os EUA querem ver por parte do Cairo: suspender o Estado de emergência, expandir negociação com grupos opositores e mudar a Constituição para permitir eleições realmente democráticas. Segundo ele, o que foi feito até agora não é suficiente.
Mas, em sinal da tensão crescente com o antigo aliado, o ministro das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit, disse em entrevista à rede PBS que os EUA não devem tentar "impor sua vontade" ao país.

CONSTITUIÇÃO
Em nova tentativa de esfriar os protestos, o governo egípcio anunciou que comitê formado para alterar a Constituição aprovou emendas em seis artigos.
Entre as mudanças, limites à reeleição do presidente e maior abertura a candidatos ao posto máximo.
As propostas do governo não movem os manifestantes nem modificam a peculiar dinâmica da praça Tahrir.
Depois da enorme tensão dos primeiros dias, quando centenas de pessoas morreram em choques com a polícia e ativistas pró-Mubarak, nos últimos dias a praça assumiu clima de feriado nacional, por vezes misturado a carnaval de rua e, obviamente, movimento político.
A toda hora surgem pequenos grupos, com alguém discursando. Qualquer um pode ser candidato a líder, ainda que por cinco minutos.
"A falta de liderança clara não é desvantagem", diz o jornalista Hammed Ezzadin. "Após tanto tempo subjugados, é um enorme frescor ter um movimento organizado de forma horizontal".
De fato, no meio da aparente anarquia da praça, há uma organização espontânea dos manifestantes para revistar quem entra ou para distribuir mantimentos.
Há quem ache, porém, que a falta de liderança poderá causar prejuízos."
(ANDREA MURTA e MARCELO NINIO)


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