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Política global acirrou tensão étnica ossetiana
ELLEN BARRY
DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU
Com uma população que
gira em torno de 60 mil, os
ossetianos são parte da colcha de retalhos de grupos étnicos que habitavam as montanhas do Cáucaso e, para se
separarar da Geórgia, contaram com o suporte da Rússia,
seu vizinho do norte. Ao longo dos anos, a tensão étnica
se tornou marca da rotina de
Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul. Cercada por montanhas, a cidade já teve por
vezes de erguer barreiras de
concreto para manter certos
grupos sob controle.
A política global e a interferência de outros países deram novo fôlego ao conflito,
fazendo dele uma faísca das
tensões entre antigos rivais
da Guerra Fria. Especialmente a Rússia, que sempre
viu na influência norte-americana uma ameaça, como se
ela criasse satélites ávidos
por se unir à Otan.
Quando Kosovo conquistou o apoio ocidental para se
separar da Sérvia, um histórico aliado da Rússia, Moscou reagiu prometendo conseguir status similar para a
Ossétia do Sul e para a Abkházia.
Ainda que a Abkházia tenha uma importância estratégica maior para ambos os
lados, a cidade de Tskhinvali
está em um vale cercado por
cidades, o que torna fácil o
acesso para os tanques.
Também as montanhas
criam uma barreira natural,
que isola a região norte, onde
fica a Rússia, e faz com que os
separatistas dependam de
uma única rota-chave -um
túnel que cruza as montanhas-, para o comércio, a
ajuda militar e a saída para o
norte.
"Sem o pesado apoio da
Rússia, o senso geral é de
Tskhinvali não é capaz de se
defender", diz Svante Cornell, diretor do Instituto de
Estudos da Ásia Central da
universidade John Hopkins.
Apesar do ímpeto da Geórgia em retomar a região, os
ossetianos não se sentem
parte da etnia do país. Nos
primórdios da União Soviética, deram suporte aos bolcheviques para suprimir a independência da Geórgia, aumentando a sensação mútua
de ressentimento. Por outro
lado, muitos ossetianos ainda sabem dizer os nomes das
vilas que foram incendiadas
pelos vizinhos da Geórgia,
nos anos 1920.
Assim como a Abkházia, a
Ossétia do Sul declarou sua
independência depois de
uma guerra no início dos
anos 1990, mas sua situação
sempre ficou indefinida. Um
acordo de cessar fogo em
1992, assinado por representantes da Rússia, Geórgia,
Ossétia do Norte e Ossétia do
Sul, manteve a região por 12
anos sem confrontos militares. Em 2004, porém, viria
um revés e o presidente da
Geórgia, Mikhail Saakashvili, começaria um movimento
para retomar a Ossétia do
Sul, promovendo uma campanha para abalar a economia local, o que agravou ainda mais as tensões, levando-as a uma guerra total.
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