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EPIDEMIA
Hospitais listados pelo governo como referência para lidar com a doença enfrentam superlotação e falta de equipamentos
Preparação brasileira anti-Sars é precária
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REDAÇÃO
Hospitais listados pela Funasa
(Fundação Nacional da Saúde)
como referência para lidar com a
Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) enfrentam problemas tradicionais
do sistema público de saúde brasileiro, como superlotação e falta
de equipamentos, de acordo com
levantamento feito pela Folha.
A Funasa publicou em seu site
uma rede de 33 hospitais em todo
o país que estariam capacitados
para receber eventuais casos da
doença. Segundo o órgão do governo federal, esses estabelecimentos foram indicados pelas secretarias estaduais da Saúde. A lista pode ser consultada no endereço www.funasa.gov.br/epi/sars/
hospitais-sars.htm.
A pior situação encontrada foi a
do hospital da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, que não tomou nenhuma medida específica. Lá, até mesmo a
classificação de referência é contestada pelo chefe do pronto-socorro, Márcio Martins Souza.
Segundo Souza, o hospital enfrenta problemas de infra-estrutura e superlotação, o que prejudicaria ações relacionadas à Sars.
Da mesma forma, em Aracaju
(SE), a diretora de saúde do Hospital Estadual João Alves Filho,
Ângela Silva, afirmou que a instituição teria problemas para atender casos de Sars.
"Se aparecesse um paciente
com a doença, teríamos de mobilizar toda a equipe do hospital
apenas para atendê-lo", disse ela.
A Santa Casa de Campo Grande
(MS) é outro hospital que teria dificuldades para lidar com a doença, especificamente no que diz
respeito aos leitos disponíveis.
"Temos 800 leitos e 900 doentes
no hospital. Eu tenho cem pacientes em macas", disse o diretor técnico, Leonildo Herrero Perandré.
Apesar de ter promovido treinamento de pessoal e compra de
material, o Hospital do Centro de
Medicina Tropical, em Porto Velho (RO), não está preparado para
cuidar da internação em eventuais casos de Sars. A avaliação é
da diretora-geral, Ângela Zocal.
Melhores condições
Para Eduardo Medeiros, chefe
do Serviço de Prevenção e Controle de Infecção do Hospital São
Paulo, na capital paulista, a unidade está pronta para receber casos
de Sars. O hospital fez treinamento sobre a doença e conta com oito leitos com isolamento específico para doenças respiratórias,
com pressão negativa (evita que o
ar do quarto saia). Em caso emergencial, é possível aumentar o número de leitos em isolamento.
O Estado de São Paulo conta
com mais dois hospitais de referência, o Emílio Ribas e o Hospital
do Servidor Público Estadual.
Instalado em Foz do Iguaçu
(PR), na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, o Hospital Ministro Costa Cavalcanti mantém desde o início de abril um apartamento específico para atender casos suspeitos ou mesmo doentes de Sars.
Foz é considerada "área de atenção" pelas autoridades sanitárias,
em razão do número de chineses
e descendentes que moram na cidade ou transitam na região.
No Hospital Estadual Oswaldo
Cruz, em Recife (PE), seu diretor
clínico considera a instituição capacitada para receber "um ou
dois" pacientes com suspeita de
Sars. "Mais do que isso, nenhum
hospital do Brasil tem condições
de atender", disse Fernando Cruz.
Referência em doenças infecto-contagiosas, a unidade mantém
leitos de isolamento, mas não
possui quartos com pressão negativa e exaustão e filtragem do ar.
Um projeto para a implantação
desses sistemas de segurança,
avaliado em R$ 400 mil, foi elaborado e encaminhado aos governos federal e estadual, que ainda
não se manifestaram.
No Hospital Universitário da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro, cinco quartos foram preparados com filtros especiais e
pressão negativa. A partir de amanhã, o hospital instalará filtros em
outros 30 ambientes. O Estado
tem outro hospital de referência.
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