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GUERRA CIVIL
Segundo serviço secreto, plano previa 100 morteiros contra palácio e Congresso; 14 foram efetivamente lançados
Farc queriam matar Uribe, diz governo
DA REDAÇÃO
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia),
principal guerrilha do país, pretendiam lançar ao menos cem
morteiros caseiros sobre o palácio de governo e o Congresso, na
quarta-feira, dia da posse de Álvaro Uribe na Presidência, segundo uma fonte do serviço secreto colombiano ouvida pela
agência de notícias France Presse.
Dos cerca de cem morteiros
preparados, apenas 14 foram efetivamente lançados e apenas dois
explodiram.
Um deles explodiu a poucas
quadras do Congresso, deixando
um saldo de 21 mortos e mais de
60 feridos. O outro atingiu uma
lateral do palácio presidencial de
Nariño, ferindo quatro guardas.
Chuva de dinamite
"Os guerrilheiros planejavam
literalmente fazer chover dinamite sobre a capital, lançando uns
cem artefatos contra esses locais", afirmou a fonte, que pediu
para não ser identificada.
Segundo as investigações, os
guerrilheiros teriam utilizado
US$ 405 mil para financiar a operação, que incluiu o aluguel de
uma casa no bairro Santa Isabel,
de onde foram lançados os explosivos, a fabricação dos foguetes e
pagamentos a uma rede de informantes.
Três pessoas já foram presas
sob suspeita de integrar o comando urbano das Farc em Bogotá
responsável pelo ataque, segundo o chefe da polícia metropolitana, general Héctor Castro.
A polícia suspeita que até cem
membros das Farc tenham participado da ação, sob o comando
de Carlos Lozada, antigo negociador de paz do grupo.
Treinamento
Os investigadores colombianos
dizem ainda ter "fortes indícios"
de que membros do IRA (Exército Republicano Irlandês) treinaram rebeldes das Farc para o ataque. Três irlandeses próximos ao
IRA estão presos na Colômbia
desde agosto do ano passado, sob
a acusação de treinar guerrilheiros na antiga zona desmilitarizada ao sul do país, que esteve vigente entre 1998 e fevereiro deste
ano, enquanto durou o processo
de paz do governo com as Farc.
O ataque no dia da posse ocorreu apesar das fortes medidas de
segurança tomadas para evitar
um ataque ao direitista Uribe,
que venceu a eleição em maio
pregando pulso firme contra os
grupos armados ilegais.
Em abril, durante a campanha
presidencial, Uribe saiu ileso de
um ataque a bomba contra sua
comitiva, no qual morreram quatro pessoas.
Uribe havia declarado que admitiria negociar um processo de
paz com os paramilitares, desde
que eles deixassem de praticar
atos violentos. Ele recebeu o
apoio dos paramilitares durante
a campanha.
Novas mortes
Ontem, durante a tarde, seis
militares e seis civis, entre eles
três crianças, ficaram feridos em
atentados a bomba realizados
nos estados de Nariño, na região
sudoeste do país, e Arauca, na região noroeste. As autoridades
atribuem os atentados às Farc.
Pela manhã, quatro militares ficaram feridos após a explosão de
uma bomba na periferia da cidade de Pasto, no sul do país, onde
Uribe participava de reunião
com autoridades locais e líderes
comunitários.
Cerca de vinte paramilitares de
ultradireita foram mortos pelo
Exército da Colômbia durante os
combates que acontecem na região noroeste do estado da Antioquia.
Conflito
As Farc vêm intensificando sua
ofensiva desde o começo do ano,
quando o então presidente Andrés Pastrana rompeu o processo
de paz iniciado em 1998, por causa de um sequestro de um senador pela guerrilha.
Nos últimos dias, combates entre membros das Farc e do ELN
(Exército de Libertação Nacional), segunda guerrilha do país,
contra paramilitares de direita,
no norte, já deixaram mais de
cem mortos, segundo o comandante da 2ª Divisão do Exército.
A área dos conflitos era tradicionalmente controlada pelas
Farc e pela ELN. Com as tentativas de paramilitares de tomarem
a região, esses conflitos aumentaram. A guerra civil no país dura
quatro décadas e vem deixando cerca de 3.500 mortos ao ano.
Com agências internacionais
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