São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA

Vice discute em teleconferência meios para derrubar Saddam Hussein; para Bush, Iraque é "inimigo até prova em contrário"

Cheney conversa com opositores iraquianos

Associated Press - 09.ago.2002
Hamid al-Bayat, porta-voz de coalizão opositora do Iraque, dá entrevista em Washington após reunião no Departamento de Estado



DA REUTERS

O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, iniciou diálogos ontem, por meio de teleconferências, com membros da oposição ao governo de Saddam Hussein, buscando deixar claro ao ditador iraquiano que ele está sob a mira dos EUA, mesmo que Washington ainda não tenha se decidido sobre um eventual ataque.
Cheney irá conversar a partir de sua residência em Wyoming, onde passa férias, um dia após os seis grupos de oposição baseados no Reino Unido e no Irã terem recebido o apoio do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, em sua luta para trabalharem em conjunto pela queda de Saddam.
Horas antes do início das conversações simbólicas, o presidente George W. Bush, cuja política declarada é precipitar a queda de Saddam, afirmou que o programa iraquiano de desenvolver armas de destruição em massa significa que ele é um "inimigo até prova em contrário".
Mas, com a intensificação nos EUA do debate sobre um eventual ataque não-provocado ao Iraque, Bush disse não ter ainda nenhum cronograma sobre a decisão.
Enquanto jogava golfe no Texas, onde passa férias, o presidente foi questionado se os EUA estariam preparados para enfrentar os problemas decorrentes de um possível ataque contra um país exportador de petróleo. "Isso supõe que já há algum tipo de plano de guerra iminente. Como eu disse, eu não tenho nenhum cronograma", respondeu.
A teleconferência de Cheney é uma medida da importância que Washington atribui hoje à oposição, depois de tê-la considerado por vários anos como sem importância e pouco atuante. "É parte de nosso esforço em apoiar a oposição iraquiana ao regime de Bagdá", declarou Sean McCormack, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Segundo ele, outras autoridades do Departamento de Defesa e o Departamento de Estado também participariam das conversações.
Outrora definida por um general americano como "os caras que usam Rolex e ternos bem cortados em Londres", a oposição a Saddam anunciou, após conversações ontem com o Departamento de Estado dos EUA, que realizaria uma teleconferência na Europa para consolidar a unidade entre seus vários grupos.
Entre eles, há dois grupos rivais curdos que têm disputado o norte do Iraque desde que tomaram controle do encrave curdo após a Guerra do Golfo, em 1991. Juntos, a União Patriótica de Curdistão e o Partido Democrático Curdo reúnem um total de 40 mil combatentes.
Os outros convidados são o Acordo Nacional Iraquiano e a Corte Suprema para a Revolução Islâmica, um grupo de oposição baseado no Irã que tem cerca de 3.000 combatentes perto da fronteira do Irã com o Iraque.
Saddam está no poder há 23 anos e tem se sustentado mesmo após a Guerra do Golfo.


Texto Anterior: Guerra civil: Farc queriam matar Uribe, diz governo
Próximo Texto: Artigo: Intervir no Iraque surge como imperativo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.