São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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PETRÓLEO

Especialistas traçam cenários e concluem que a recuperação das exportações será problemática e custosa

Retomar produção venezuelana será difícil

Associated Press
Óleo vaza no lago Maracaibo; PDVSA diz que já houve 31 acidentes desde o início da greve


DA REDAÇÃO

A retomada de produção de petróleo venezuelana vai ser problemática e custosa, independentemente do desfecho da crise política no país, afirmaram especialistas da indústria ao jornal britânico "Financial Times".
A paralisação de cerca de 30 mil funcionários da PDVSA, a companhia estatal de petróleo venezuelana, reduziu a produção de óleo cru do país de 3,1 milhões de barris por dia para 300 mil.
Analistas da indústria de petróleo traçaram cenários para a retomada. Chegaram à conclusão de que, quer o presidente Hugo Chávez consiga manter-se no poder, quer seja deposto, a recuperação da produção venezuelana será difícil, custosa e demandará tempo.
Esse, aliás, parece ser um dos motivos pelos quais os EUA mudaram sua estratégia em relação à Venezuela e, em vez de apenas apoiar a proposta de antecipação das eleições, como quer a oposição a Chávez, agora defendem uma solução negociada entre o presidente e os setores que exigem a sua saída.
A oposição anunciou o envio de representantes aos EUA para se reunir com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e com membros do Departamento de Estado.
Anteontem à noite, simpatizantes de Chávez fizeram demonstrações de apoio ao governo em Caracas depois que o presidente ameaçou usar os militares para tomar estoques de alimento que não estão sendo distribuídos devido à greve. Opositores ao governo planejavam realizar protestos em várias cidades fora do país.
Segundo especialistas, se a administração de Hugo Chávez cair e um governo de transição instalar-se no país, a retomada da produção para algo como 80% dos níveis anteriores à crise poderia ocorrer até o final do ano.
Se Chávez cair dentro de dois meses, a produção total de óleo cru da PDVSA poderia atingir 2,3 milhões de barris por dia lá pelo final de junho e chegaria a 2,5 milhões no final do ano.
A produção venezuelana é o resultado da atividade de 14 mil poços em regime de rotatividade e alguns dos mais antigos poderão tornar-se definitivamente inoperáveis por causa da paralisação. Os poços venezuelanos, que são relativamente pequenos, também levam mais tempo para reiniciar a produção do que os de outros países da Opep.
A retomada deverá representar ainda um pesado custo financeiro para a PDVSA. Quanto mais tempo a produção manter-se paralisada, mais lentamente se dará o reinício das operações. Além disso, os poços mais antigos deverão sofrer reparos, o que implicará gastos adicionais. É razoável supor que todo o programa de investimentos da companhia estatal terá de ser revisto.
Na hipótese de Chávez conseguir manter-se no poder e isolar os grevistas, a recuperação deverá ser ainda mais difícil. Se o governo Chávez for aos poucos retomando as exportações, poderá, segundo os especialistas, chegar até mais ou menos a metade dos níveis pré-crise, isto é, 1,5 milhão de barris por dia.

Com agências internacionais e Financial Times





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