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NOVA YORK
Oito meses após o atentado à cidade, resgate de corpos e remoção de escombros estão virtualmente encerrados
Trabalho de limpeza no WTC chega ao fim
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A cidade ainda discute quando e
como fazer o comunicado oficial,
mas o fato é que oito meses depois
do ataque de 11 de setembro,
completados ontem, os trabalhos
de resgate, limpeza e remoção nos
escombros do World Trade Center, em Nova York, estão virtualmente encerrados.
Na semana passada, o único
guincho que ainda funcionava retirou o último grande pedaço de
construção, que foi levado de caminhão para o ex-depósito de lixo
de Fresh Kills, em Staten Island,
no sul da cidade. Foi a última de
105 mil viagens parecidas, que
carregaram cerca de 1,6 milhão de
toneladas de entulho.
Os números do maior ataque
terrorista da história dos Estados
Unidos são eloquentes: em oito
meses, foram encontrados 19.435
pedaços de corpos, os derradeiros
110 no mês passado; esses restos
serviram para identificar 1.008
das 2.823 vítimas oficiais.
Uma passada pelo que um dia
pareceu o cenário de uma guerra
e meses depois se assemelhava
aos preparativos de uma grande
construção civil revela a queda no
ritmo dos trabalhos. Das 3.500
pessoas que davam expediente
por dia no auge dos resgates, restam menos de 700, e o número
tende a cair a cada dia.
"Nós conseguimos o que muitos achavam impossível na tarde
de 11 de setembro", disse Kenneth
Holden, chefe do Departamento
de Construção e Design de Nova
York. "Que era, até o Memorial
Day, limpar todos os escombros
do "Ponto Zero"." O feriado em
homenagem aos mortos norte-americanos nas guerras acontece
nesta sexta-feira.
Dois problemas
Com isso, apareceram pelo menos dois problemas. O primeiro
vem de longe e é o que fazer com a
área de 64 mil m2.
Apenas duas decisões são consenso: o espaço será dividido em
várias funções e não terá mais arranha-céus.
A Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, que é dona
do terreno atualmente cedido por
cem anos para Larry A. Silverstein, tem em mãos propostas de
13 grupos de planejadores, arquitetos e especialistas em transportes que foram selecionados entre
milhares de projetos oferecidos.
O vencedor será anunciado em
duas semanas e, então, o órgão
desenvolverá um plano de ação
até julho. O cronograma está sendo considerado muito apertado e
vem sofrendo críticas, principalmente de ONGs urbanistas.
O segundo problema é de ordem diplomática: a prefeitura da
cidade e o governo do Estado passaram semanas decidindo qual a
melhor maneira de comunicar às
famílias que os trabalhos de busca
seriam encerrados, mesmo com
1.735 vítimas ainda consideradas
desaparecidas.
Na semana passada, Michael
Bloomberg e George Pataki chegaram a um acordo. Nas cartas,
assinadas pelos dois e já enviadas,
explicam que os esforços para
identificar os mortos continuarão, no departamento médico e
em Fresh Kills, mas avisam que,
"nas próximas semanas, o esforço
oficial de recuperação no local do
desastre será concluído".
Vida quase normal
Por todos os lados, há cada vez
mais sinais de que a vida voltou ao
normal -ou o que pode ser considerado normal depois de 11 de
setembro. Os 12.187 táxis da cidade, por exemplo, começam a receber neste mês o novo mapa oficial
de Manhattan, já sem o World
Trade Center. No lugar onde antes apareciam as Torres Gêmeas,
está um laço vermelho, branco e
azul (as cores dos EUA).
Já no complexo de Battery Park,
vizinho à área do sul de Manhattan onde ficavam as torres e que
abriga residências e escritórios,
parecem distantes os dias em que
os prédios estavam interditados e
a poeira cobria os apartamentos.
Um desses andares serviu de sala neste fim de semana para o novo Festival de Cinema de Tribeca,
idealizado e organizado pelo ator
Robert De Niro como maneira de
promover a recuperação e estimular o comércio da região.
Na quinta-feira à noite, enquanto esperavam uma das sessões,
dezenas de pessoas conversavam
na fila do corredor envidraçado
do prédio que dá vista para o
"Ponto Zero". Poucos se davam
ao trabalho de parar para observar a movimentação ali.
Até mesmo um novo prédio já
está sendo construído. Vai ficar
no quarteirão que abrigava a torre
7 do complexo, a última a desabar, já no começo da noite do dia
11 de setembro. Larry A. Silverstein, o locatário de todo o World
Trade Center, deu o sinal verde na
última semana. Na sexta-feira,
operários erguiam as primeiras
vigas.
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