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Novo regime traz marca dos neoconservadores
DA REPORTAGEM LOCAL
Se implementado conforme o
planejado até agora, o projeto para a reconstrução do Iraque poderá representar mais uma vitória
significativa de um importante
grupo que, em larga escala, tem
ditado os rumos do atual governo
norte-americano. São os chamados neoconservadores.
O grupo reúne gente importante do atual governo como Dick
Cheney, vice-presidente; Donald
Rumsfeld, secretário de Defesa;
Paul Wolfowitz, subsecretário de
Defesa, e Condoleezza Rice, assessora de Segurança Nacional.
A ideologia em comum foi herdada de um passado também em
comum. Todos eles tiveram passagens pelos famosos centros de
investigação ("think tanks") de
direita dos Estados Unidos.
Para ter uma idéia do forte caráter conservador desses centros de
investigação, até a revista "The
Economist" -considerada baluarte das teses liberais de direita- descreveu seus objetivos de
forma irônica em um artigo publicado em fevereiro passado.
Dizia o seguinte: "Guerra no
Iraque? Essas pessoas têm planos
para a transformação de todo o
Oriente Médio. Capitalismo desenfreado? Essas pessoas têm projetos para levar a livre iniciativa ao
espaço sideral".
Aparentemente, os "think
tanks" norte-americanos estão
dispostos a perseguir esses objetivos nem que para isso tenham de
embarcar em guerras e projetos
ambiciosos de reconstrução de
países como o Iraque.
Os neoconservadores de hoje já
haviam formado o time de conservadores da gestão de Bush pai.
Dessa vez, no entanto, ganharam
maior visibilidade. Para alguns
analistas políticos dos EUA, isso
ocorre porque Bush filho é mais
facilmente influenciável mesmo.
Para outros, "a ocasião fez o ladrão". Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro, o discurso neoconservador teria ganhado mais apelo. Afinal, gente
como Wolfowitz já dizia, há anos,
que o mundo era um lugar mais
perigoso do que muitas pessoas
imaginavam, que os EUA deveriam aumentar seus gastos militares e que a melhor forma de defesa, muitas vezes, é o ataque.
Não por acaso, Wolfowitz é
atualmente considerado um dos
principais idealizadores da política externa norte-americana.
Embora a estratégia neoconservadora tenha surpreendido em
seus êxitos, como a rápida vitória
militar, até agora, a reconstrução
do Iraque pode ser um terreno
mais perigoso do que foi a guerra.
Se levarem o projeto de reconstrução seriamente, os EUA enfrentarão riscos. Para especialistas
em política externa, restauração
do sistema educacional, por
exemplo, pode facilmente redundar em tentativa de transformar
os valores da sociedade iraquiana.
O que não agradaria nem um
pouco à população árabe.
Se, ao contrário, desistem logo
do projeto, perigam acabar deixando um vácuo ainda maior para instabilidade na região.
Nada disso seria bom para a segurança norte-americana tão prezada pelos neoconservadores.
(EF)
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