|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Zona rural é tolerante com venda de mulheres
DE PEQUIM
O rapto e a venda de mulheres
não nasceu com o desequilíbrio
sexual na população chinesa, mas
o crescente número de homens
solitários dificulta o trabalho de
combate a esses crimes.
Os habitantes da zona rural, onde vivem 60% dos chineses, têm
uma atitude tolerante em relação
à compra de mulheres, muitas vezes o único caminho para camponeses pobres se casarem.
O temor do governo e de organismos de defesa dos direitos da
mulher e da criança é que a situação piore ainda mais em razão do
predomínio de homens na população do país.
Estatísticas oficiais indicam que
a polícia chinesa libertou 42,2 mil
mulheres e crianças que haviam
sido traficadas entre 2001 e 2003.
O fenômeno da venda de mulheres e crianças na China ultrapassa fronteiras, atingindo países
vizinhos. Na semana passada, o
Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância) lançou uma campanha na fronteira entre a China e
o Vietnã de combate à venda de
vietnamitas para os chineses.
A campanha contará com o depoimento de Hoang Hong Tham,
vendida a um chinês pela melhor
amiga de sua mãe em 1999, quando tinha 18 anos. Hoang ficou
quatro meses na China e só voltou
ao Vietnã depois que seu pai pagou o equivalente a US$ 255 ao
homem que a havia comprado.
O Unicef já tem campanha semelhante na fronteira entre a China e a Tailândia e, desde o fim dos
anos 90, trabalha no combate ao
tráfico de mulheres e crianças
dentro da China.
Apoio psicológico
O principal instrumento de
atuação da entidade é a educação
das potenciais vítimas sobre seus
direitos e as maneiras de se defender em situações de risco.
Outra frente é o apoio psicológico às vítimas resgatadas, que muitas vezes voltam para a casa com
filhos e enfrentam o preconceito
da família e de vizinhos.
Uma das maiores dificuldades
no combate a esse tipo de crime
na China é a cumplicidade dos
moradores de pequenas comunidades rurais com os homens que
compram mulheres para se casar.
Em alguns casos, a própria polícia
local é negligente na investigação
de tráfico de mulheres.
Na Província de Sichuan, no
oeste chinês, o ex-segurança privado Zhu Wenguang decidiu
abrir o "Centro de Resgate Zorro", para atuar em casos de tráfico
de mulheres.
Inaugurado em abril, o estabelecimento acabou sendo fechado
por não ter obtido autorização de
funcionamento das autoridades
locais.
Mas, antes de fechar seu escritório, "Zorro" disse ao jornal "Beijing Today" que já havia atuado
na libertação de quase cem mulheres.
Seu envolvimento com esse tipo
de investigação começou em
1990, quando sua cunhada e a filha de uma de suas sobrinhas foram raptadas e vendidas para
camponeses na Província de
Anhui, no leste do país.
(CT)
Texto Anterior: China: Falta de mulheres preocupa chineses Próximo Texto: Comportamento: Pesquisa diz que TV demais duplica insônia Índice
|