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VENEZUELA
Urnas informatizadas para o plebiscito foram compradas pelo presidente
Chávez vai tentar fraude eletrônica, diz oposição
DO "NEW YORK TIMES"
A confiabilidade das urnas eletrônicas está causando discussão
não somente nos Estados Unidos,
mas também na Venezuela. Adversários e diplomatas estrangeiros questionam a decisão de o plebiscito revogatório do mandato
do presidente Hugo Chávez, programado para o próximo dia 15
de agosto, ser realizado por meio
de voto eletrônico.
Para a oposição, o governo venezuelano poderá usar o equipamento para manipular os votos.
O novo sistema "touch-screen"
-no qual o eleitor simplesmente
aperta um quadradinho na tela-
foi comprado de empresas na Flórida (EUA) pelo próprio governo
de Hugo Chávez, ainda neste ano.
Nenhuma das companhias
(Smartmatic de Boca Raton, que
produz as máquinas, e Bizta, responsável pelo software) tem experiência em eleições. Em maio, o
jornal "Miami Herald" declarou
que o governo Chávez havia feito
investimentos na Bizta.
Funcionários chavistas disseram que não houve impropriedade e subestimaram o papel do governo nas operações da companhia. Jorge Rodríguez, membro
do Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) e considerado chavista,
acusou os críticos de terem "interesses ocultos".
Desconfiança
Para agravar a desconfiança dos
opositores, o CNE cogita não permitir a presença de observadores
internacionais para fazer uma auditoria durante a consulta. O CNE
disse que, como um órgão autônomo, acompanhará a contagem
de votos e garantirá que não haverá fraude. Mas líderes da oposição
dizem que três dos cinco integrantes do CNE são partidários
do presidente, opinião compartilhada por diplomatas em Caracas.
Segundo os chavistas, a OEA
(Organização dos Estados Americanos) e o Centro Carter, baseado
nos EUA, são contra o atual governo da Venezuela. Ambos os
órgãos negam as acusações.
"Qual a razão obscura para não
fazer isso [permitir a presença de
observadores internacionais]? É
estranho e não muito transparente", declarou o governador Enrique Mendoza, um dos principais
líderes da oposição.
O sistema "touch-screen", que
está sendo utilizado em diversos
Estados americanos, tem apresentado pequenos defeitos -durante as primárias das eleições
americanas, por exemplo, ocorreram vários problemas. Especialistas em segurança que analisaram
o sistema encontraram falhas nos
mecanismos de proteção contra
hackers. Isso levou os críticos a
argumentarem que o novo sistema é menos seguro que as urnas
mecânicas usadas anteriormente.
Especialistas afirmam que, sem
vigilância independente, esse tipo
de sistema pode ser facilmente
fraudado. "Um computador pode
ser programado para produzir o
resultado que alguém quiser",
disse Aviel Rubin, professor de
ciência da computação da Universidade Johns Hopkins (EUA).
"Qualquer um que estivesse
preocupado com um resultado
justo iria encorajar uma verificação externa", disse Rubin, que no
ano passado liderou uma equipe
que realizou uma análise dos softwares produzidos por uma das
indústrias líderes nos EUA.
A realização de uma auditoria
manual dos comprovantes emitidos pelas urnas a cada voto pode
ser uma solução para os possíveis
problemas, segundo especialistas.
A coalizão opositora inicialmente pressionou para haver
uma contagem manual, porém
agora diz que basta uma auditoria
em uma amostra de votos.
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