São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002 |
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VENEZUELA Manifestação convocada pelo presidente tenta se contrapor à marcha da oposição, que reuniu até 2 milhões na quinta-feira Chávez faz hoje sua "contramarcha"
DA REDAÇÃO O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, convocou para hoje uma manifestação em apoio ao governo, em Caracas, para comemorar os seis meses de seu retorno ao poder após o frustrado golpe de 11 de abril, que o tirou do cargo por dois dias. A manifestação tem ainda o objetivo de ser uma espécie de "contramarcha", como uma resposta à marcha da oposição que reuniu centenas de milhares de pessoas na capital do país na quinta-feira para pedir a renúncia de Chávez e a realização de eleições presidenciais antecipadas (o mandato de Chávez termina em 2007). "Avaliamos a marcha [de quinta-feira" como uma mobilização democrática e, por isso, espero que a oposição reflita quando os partidários do governo marcharem no domingo [hoje"", afirmou o vice-presidente José Vicente Rangel. Ele disse acreditar que a marcha de hoje tenha participação comparável à da oposição e que mostrará que "Chávez ainda tem o apoio da população". As estimativas sobre a participação na manifestação de quinta-feira variam entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas. Segundo as últimas pesquisas de opinião, 66% dos venezuelanos votariam hoje pela saída de Chávez em um eventual referendo. A oposição diz que as políticas populistas de Chávez pretendem implementar um regime comunista no estilo cubano na Venezuela e que levarão o país ao desastre econômico. O presidente diz que não cederá ao que chama de "chantagem" da oposição e não renunciará. Segundo ele, a Constituição do país admite a realização de um referendo para ratificá-lo no cargo, mas só após agosto do ano que vem, quando seu mandato chega à metade. Com a cada vez mais profunda divisão na sociedade do país e a radicalização das posições, tanto entre os opositores quanto entre os chavistas, cresce o temor de uma saída não institucional e a repetição dos distúrbios de 11 de abril. No fim de semana passado, Chávez denunciou uma suposta conspiração da oposição para derrubá-lo, aproveitando a realização da marcha de quinta-feira. Diversos opositores tiveram suas casas revistadas pela polícia, incluindo militares. A situação de tensão foi fortalecida pelos ataques do vice-almirante Álvaro Martín Fossa, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, na quinta-feira, ao ministro da Defesa e a Chávez. "Quem quiser sair das Forças Armadas que saia", afirmou Rangel, para quem as declarações de Martín Fossa não tiveram consequências dentro do setor militar. "A situação no país é de absoluta normalidade", disse. Para o ex-chanceler Luis Alfonso Dávila, as demandas da oposição são inconstitucionais. "O governo rechaça a pretensão de colocar o presidente contra a parede, porque eles [a oposição" tiveram chance de fazer uma proposta de modificação da Constituição. Como não tiveram o apoio necessário para isso, apelaram para essa estratégia", diz. "O fato de mobilizarem um grande número de venezuelanos não quer dizer que isso lhes dá razão ou o privilégio de passar por cima da Constituição", afirmou Dávila. "Eles marcham, nós marchamos e Chávez "no se marcha" [não sai, em espanhol]." Pressão Chávez deve enfrentar uma pressão da oposição ainda maior nos próximos dez dias. A Fedecámaras (principal associação empresarial do país) e a CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela) deram um prazo até quarta-feira para que o presidente renuncie ou convoque eleições. Caso isso não aconteça, eles anunciaram a convocação de uma paralisação nacional conjunta a partir do dia 21. Mas o protesto pode ser antecipado, segundo o diretor da CTV Alfredo Ramos. "Se o governo continuar com essa onda repressiva, de buscas policiais, de atentados contra setores opositores, contra o movimento sindical organizado e contra as Forças Armadas, avaliaremos a possibilidade de adiantar a paralisação", disse. Para o deputado chavista Nicolás Maduro, entretanto, a paralisação está fadada ao fracasso. "O país já está cansado de paralisações. Todo mundo quer é paz e que a economia continue funcionando", afirmou. Com agências internacionais Próximo Texto: Oposição dividida pode beneficiar presidente em eventual eleição Índice |
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