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Petróleo e gás natural impulsionam economia
DA REDAÇÃO
Pouco tempo depois da grave
crise econômica que atingiu sua
economia -em meados de
1998-, a Rússia apresentou uma
média de crescimento de 6% entre 1999 e 2002 e um crescimento
estimado de 7,3% em 2003.
Mais de uma década após o colapso da URSS (1991), contudo, a
economia russa tornou-se totalmente dependente das exportações de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural), sendo forte e
vulnerável ao mesmo tempo por
conta disso, de acordo com especialistas consultados pela Folha.
"Há duas razões principais para
a rápida recuperação econômica.
Primeiro, a depreciação do rublo,
que chegou a 60% e favoreceu as
exportações russas. Segundo, o
preço internacional do petróleo,
que, desde 1999, vem-se mantendo elevado", disse Ksenia Yudaeva, co-autora de "The New Political Economy of Russia" (a nova
economia política da Rússia).
"Ademais, embora caóticas, as
privatizações da década passada
passaram a surtir efeitos positivos, o que fortaleceu alguns setores cruciais da economia russa",
acrescentou Yudaeva.
Segundo Fiona Hill, do Instituto
Brookings (EUA), o preço internacional médio do petróleo no século passado -em termos
reais- foi de cerca de US$ 18. Hoje ele oscila em torno de US$ 35.
Vale lembrar que o petróleo, o
gás natural, metais diversos e a
madeira são responsáveis por
80% das exportações russas, a
maior fonte de divisas do país.
"Quando chegou ao poder em
1999, como premiê do ex-presidente Boris Ieltsin, Vladimir Putin foi beneficiado por um aumento considerável do preço dos
hidrocarbonetos. Com isso, ele foi
capaz de restabelecer a força do
Estado, além de pagar parte da dívida do país, o que foi bem-visto
no Ocidente, e os salários e os benefícios sociais, o que lhe rendeu
popularidade", analisou Hill.
Para Vladimir Kramnik, da
Universidade Pública de São Petersburgo, todavia, a dependência
russa dos hidrocarbonetos tende
a frear seu crescimento econômico no futuro, já que o preço internacional do petróleo e o do gás
natural não permanecerão tão
elevados a médio e longo prazos.
No que diz respeito ao petróleo,
porém, a situação russa não é tão
confortável, pois, como salientou
Hill, o país já trabalha no limite de
sua capacidade de produção
-mantidas as condições atuais.
"Se quiser manter-se como um
dos principais países exportadores, a Rússia terá de desenvolver
novos campos de petróleo no leste da Sibéria. Afinal, sem eles, ela
não poderá atender à demanda
proveniente da Ásia. Além disso,
os campos existentes atualmente
no oeste da Sibéria atingirão seu
nível máximo de produção em
2020 e começarão a produzir bem
menos em seguida", avaliou Hill.
"Também é importante para os
russos abrir seus horizontes no
que concerne à exportação de petróleo, visto que 80% de suas exportações atuais são destinadas à
Europa. Só 1% vai para os EUA, o
que é muito pouco para um país
que quer manter forte participação global", apontou Yudaeva.
De acordo com Hill, Putin deveria, em seu segundo mandato,
privilegiar os investimentos russos em fontes de gás natural. "Devemos levar em conta o aumento
da demanda por gás natural na
Ásia. Nesse setor, a Rússia é mais
forte que a Arábia Saudita, e suas
reservas chegam a um terço do total conhecido no planeta. Em
duas décadas, o gás natural deverá ser mais importante que o petróleo para a economia russa."
(MSM)
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