São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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Israel e Síria falam de paz e ganham foco em cúpula

Idéia de Sarkozy, a União do Mediterrâneo foi criada em reunião de 43 países

Olmert disse que acordo com palestinos está perto; Assad sai do isolamento com ajuda da França e fala em próxima paz com Israel

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o ditador sírio, Bashar Assad, deram ontem em Paris declarações contundentes, que, mesmo sem maior retaguarda diplomática, atraíram o foco das atenções no encontro de 43 governantes da União do Mediterrâneo, idealizado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Olmert, que em Israel é objeto de inquérito policial por crime eleitoral e superfaturamento em viagens, afirmou que israelenses e palestinos "nunca estiveram tão perto de chegar à paz". Mais comedido, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, afirmou que as negociações são "sérias" e que a paz é o objetivo das duas delegações.
Também prudente, seu principal negociador, Saeb Erekat, qualificou como "sérias e aprofundadas" as negociações em curso, mas sem mencionar a proximidade de resultados.
Especialistas notam que prossegue imenso o contencioso entre Israel e a ANP, sem concessões israelenses sobre a redivisão de Jerusalém ou planos para retirar os assentamentos judaicos na Cisjordânia. Os palestinos, por sua vez, não neutralizam grupos paramilitares, como as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah, o partido de Abbas.
O sírio Assad tem resultados mais concretos. Anunciou sábado o estabelecimento de relações diplomáticas com o Líbano e demonstrou, pelas mãos da França, que estava saindo do limbo no qual se isolou -ele apóia o Hizbollah e o Hamas, grupos islâmicos que comprometem a paz no Oriente Médio.
Mas Assad também deu entrevista à Al Jazeera em que fixou como objetivo a normalização das relações bilaterais com Israel, com a troca de embaixadores e tudo mais, ao fim de negociações que, em verdade, estão bastante embrionárias.
Horas depois, ele próprio afirmaria, mais realisticamente, que a paz com Israel é possível no prazo de dois anos.
O israelense Olmert redigiu um bilhete a Assad -ambos estavam sentados na mesma mesa do encontro de cúpula, sem que Assad retribuísse os olhares insistentes de Olmert-, pedindo que o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o entregasse. É desconhecido o conteúdo do bilhete.

Diálogo ainda indireto
"Começamos o diálogo com a Síria. Por enquanto ele é indireto, mas se tornará brevemente direto", disse Olmert, em referência às duas delegações que se encontram na Turquia com a intermediação, entre os dois hotéis em que estão hospedadas, de diplomatas turcos.
Israel quer que a Síria rompa com o Irã e deixe de apoiar os grupos islâmicos que lhe são hostis. Em troca, devolveria o Golã, território capturado em 1967 na Guerra dos Seis Dias.
Mas o fato de Assad estar abertamente negociando com Israel já levou o presidente Sarkozy a compensá-lo com o convite para assistir hoje, do palanque presidencial, o desfile da data nacional francesa.
Assessores de Sarkozy "rechaçaram" críticas de militares da reserva à reaproximação com a Síria, responsável pelo atentado que em outubro de 1983 matou 73 soldados franceses estacionados no Líbano.
A Síria foi protetorado francês, após o colapso do Império Otomano, na Primeira Guerra Mundial.


Com agências internacionais


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