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Israel e Síria falam de paz e ganham foco em cúpula
Idéia de Sarkozy, a União do Mediterrâneo foi criada em reunião de 43 países
Olmert disse que acordo
com palestinos está perto;
Assad sai do isolamento
com ajuda da França e fala
em próxima paz com Israel
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o ditador
sírio, Bashar Assad, deram ontem em Paris declarações contundentes, que, mesmo sem
maior retaguarda diplomática,
atraíram o foco das atenções no
encontro de 43 governantes da
União do Mediterrâneo, idealizado pelo presidente francês,
Nicolas Sarkozy.
Olmert, que em Israel é objeto de inquérito policial por crime eleitoral e superfaturamento em viagens, afirmou que israelenses e palestinos "nunca
estiveram tão perto de chegar à
paz". Mais comedido, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud
Abbas, afirmou que as negociações são "sérias" e que a paz é o
objetivo das duas delegações.
Também prudente, seu principal negociador, Saeb Erekat,
qualificou como "sérias e aprofundadas" as negociações em
curso, mas sem mencionar a
proximidade de resultados.
Especialistas notam que
prossegue imenso o contencioso entre Israel e a ANP, sem
concessões israelenses sobre a
redivisão de Jerusalém ou planos para retirar os assentamentos judaicos na Cisjordânia. Os palestinos, por sua vez,
não neutralizam grupos paramilitares, como as Brigadas dos
Mártires de Al Aqsa, ligadas ao
Fatah, o partido de Abbas.
O sírio Assad tem resultados
mais concretos. Anunciou sábado o estabelecimento de relações diplomáticas com o Líbano e demonstrou, pelas mãos
da França, que estava saindo do
limbo no qual se isolou -ele
apóia o Hizbollah e o Hamas,
grupos islâmicos que comprometem a paz no Oriente Médio.
Mas Assad também deu entrevista à Al Jazeera em que fixou como objetivo a normalização das relações bilaterais com
Israel, com a troca de embaixadores e tudo mais, ao fim de negociações que, em verdade, estão bastante embrionárias.
Horas depois, ele próprio
afirmaria, mais realisticamente, que a paz com Israel é possível no prazo de dois anos.
O israelense Olmert redigiu
um bilhete a Assad -ambos estavam sentados na mesma mesa do encontro de cúpula, sem
que Assad retribuísse os olhares insistentes de Olmert-, pedindo que o primeiro-ministro
da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o entregasse. É desconhecido o conteúdo do bilhete.
Diálogo ainda indireto
"Começamos o diálogo com a
Síria. Por enquanto ele é indireto, mas se tornará brevemente
direto", disse Olmert, em referência às duas delegações que
se encontram na Turquia com a
intermediação, entre os dois
hotéis em que estão hospedadas, de diplomatas turcos.
Israel quer que a Síria rompa
com o Irã e deixe de apoiar os
grupos islâmicos que lhe são
hostis. Em troca, devolveria o
Golã, território capturado em
1967 na Guerra dos Seis Dias.
Mas o fato de Assad estar
abertamente negociando com
Israel já levou o presidente Sarkozy a compensá-lo com o convite para assistir hoje, do palanque presidencial, o desfile da
data nacional francesa.
Assessores de Sarkozy "rechaçaram" críticas de militares
da reserva à reaproximação
com a Síria, responsável pelo
atentado que em outubro de
1983 matou 73 soldados franceses estacionados no Líbano.
A Síria foi protetorado francês, após o colapso do Império
Otomano, na Primeira Guerra
Mundial.
Com agências internacionais
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