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UE não define papel de missão no Cáucaso
Governo georgiano queria soldados para contrabalançar contingente russo, mas bloco europeu planeja enviar monitores
Reunião em Bruxelas apóia plano de paz de Sarkozy, mas evidencia divergências dentro da União Européia em relação a Moscou
DA REDAÇÃO
A França obteve ontem o respaldo dos demais 26 países-membros da União Européia
(UE) sobre o acordo de cessar-fogo que Paris negociou na véspera com Moscou e foi aceito
pela Geórgia, pondo fim a seis
dias de guerra no Cáucaso.
Em encontro de emergência
em Bruxelas, os chanceleres do
bloco elogiaram as gestões da
França -que ocupa até dezembro a presidência da UE- e
concordaram com o pedido,
também apresentado por Paris,
de mandar uma missão para
monitorar a trégua.
Segundo a declaração conjunta, "os membros da UE se
comprometem a apoiar os esforços" dos observadores da
OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e da ONU. Esses observadores estão presentes na Ossétia
do Sul e na Abkházia desde o
acordo de 1992, que estabeleceu a autonomia das duas regiões georgianas, sob tutela de
forças de paz da Rússia.
Apesar de abrir caminho para o reforço de efetivos europeus nas duas regiões, o texto
adotado ontem não diz se a nova missão será civil ou militar.
"Queremos estar envolvidos no
campo. Muitos países já disseram que aceitam participar [da
missão]. Será um exército? Será uma missão de mantenedores de paz? Não, mas nós temos
experiência com monitores e
observadores", disse o chanceler francês, Bernard Kouchner.
Diplomatas que defendem
uma missão civil afirmam que
seria a única solução que Moscou poderia aceitar. O governo
georgiano havia pedido contingentes armados para restringir
a supremacia militar russa nas
duas áreas.
Os chanceleres adiaram a decisão sobre os contornos definitivos da missão para 5 de setembro, quando voltam a se
reunir, em Avignon (França).
Em busca de um amparo internacional mais amplo, a presidência francesa submeterá ao
Conselho de Segurança da
ONU -possivelmente até o fim
desta semana- uma proposta
de resolução baseada no texto
adotado ontem. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se
declarou ontem favorável ao
reforço da missão na Geórgia.
Apesar do consenso sobre a
declaração final, o encontro de
Bruxelas evidenciou as profundas divergências internas a respeito da relação com Moscou.
Ex-satélites da extinta URSS
hoje integrados à UE, Letônia,
Lituânia, Polônia e Estônia exigem que o encontro de Avignon
sirva também para unir a UE
em torno de uma política de
isolamento à Rússia, inclusive
com a ameaça de suspender as
negociações de parceria estratégica em curso -o Reino Unido apóia essa atitude. Mas predomina entre os demais países-membros a visão de que Moscou não deve ser pressionada
-a Europa depende de gás e
petróleo russos.
Com agências internacionais
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