São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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UE não define papel de missão no Cáucaso

Governo georgiano queria soldados para contrabalançar contingente russo, mas bloco europeu planeja enviar monitores

Reunião em Bruxelas apóia plano de paz de Sarkozy, mas evidencia divergências dentro da União Européia em relação a Moscou


DA REDAÇÃO

A França obteve ontem o respaldo dos demais 26 países-membros da União Européia (UE) sobre o acordo de cessar-fogo que Paris negociou na véspera com Moscou e foi aceito pela Geórgia, pondo fim a seis dias de guerra no Cáucaso.
Em encontro de emergência em Bruxelas, os chanceleres do bloco elogiaram as gestões da França -que ocupa até dezembro a presidência da UE- e concordaram com o pedido, também apresentado por Paris, de mandar uma missão para monitorar a trégua.
Segundo a declaração conjunta, "os membros da UE se comprometem a apoiar os esforços" dos observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e da ONU. Esses observadores estão presentes na Ossétia do Sul e na Abkházia desde o acordo de 1992, que estabeleceu a autonomia das duas regiões georgianas, sob tutela de forças de paz da Rússia.
Apesar de abrir caminho para o reforço de efetivos europeus nas duas regiões, o texto adotado ontem não diz se a nova missão será civil ou militar. "Queremos estar envolvidos no campo. Muitos países já disseram que aceitam participar [da missão]. Será um exército? Será uma missão de mantenedores de paz? Não, mas nós temos experiência com monitores e observadores", disse o chanceler francês, Bernard Kouchner.
Diplomatas que defendem uma missão civil afirmam que seria a única solução que Moscou poderia aceitar. O governo georgiano havia pedido contingentes armados para restringir a supremacia militar russa nas duas áreas.
Os chanceleres adiaram a decisão sobre os contornos definitivos da missão para 5 de setembro, quando voltam a se reunir, em Avignon (França).
Em busca de um amparo internacional mais amplo, a presidência francesa submeterá ao Conselho de Segurança da ONU -possivelmente até o fim desta semana- uma proposta de resolução baseada no texto adotado ontem. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se declarou ontem favorável ao reforço da missão na Geórgia.
Apesar do consenso sobre a declaração final, o encontro de Bruxelas evidenciou as profundas divergências internas a respeito da relação com Moscou.
Ex-satélites da extinta URSS hoje integrados à UE, Letônia, Lituânia, Polônia e Estônia exigem que o encontro de Avignon sirva também para unir a UE em torno de uma política de isolamento à Rússia, inclusive com a ameaça de suspender as negociações de parceria estratégica em curso -o Reino Unido apóia essa atitude. Mas predomina entre os demais países-membros a visão de que Moscou não deve ser pressionada -a Europa depende de gás e petróleo russos.


Com agências internacionais


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