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Putin assume comando de longo projeto de vingança contra o inimigo Saakashvili
NATHALIE NOUGAYRÈDE
DO "MONDE"
Em 1999, Vladimir Putin foi
colocado diante do fato consumado da guerra da Tchetchênia
por aqueles que o escolheram
para suceder a Boris Ieltsin.
Desta vez, foi ele quem tomou
todas as decisões na intervenção militar russa na Geórgia.
Essa guerra é "sua" guerra, uma
operação de reconquista no
Cáucaso contendo forte teor de
vendeta pessoal contra o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, a quem Putin detesta
abertamente e que vê como
marionete dos Estados Unidos.
No dia 8 de agosto, durante
conversa com Nicolas Sarkozy
à margem dos Jogos Olímpicos
de Pequim, Putin usou de grande violência verbal. "Não! Eles
serão castigados! Eu vou castigá-los!", disse ele ao presidente
francês, que se esforçava a todo
custo para dissuadi-lo de enviar
suas tropas contra a Geórgia.
Foi Putin, desde Pequim, o
primeiro a reagir publicamente
aos acontecimentos na Ossétia
do Sul, qualificando-os de
"agressão" da Geórgia. Foi ele
quem interrompeu sua estadia
em Pequim para embarcar para
Vladikavkaze, na Ossétia do
Norte, de onde partiram os tanques russos e para onde foram
os refugiados, para apresentar-se diante da mídia como o comandante-em-chefe de fato.
Foi ainda ele, sempre diante
das câmeras e sentado diante
do presidente russo, Dmitri
Medvedev, quem pela primeira
vez lançou oficialmente a acusação de "genocídio" que estaria sendo cometido pelos georgianos na Ossétia do Sul. "Eu
acho, Dmitri Anatolievitch, que
o sr. deveria instruir o procurador militar a fazer uma investigação sobre isso", disse Putin
ao ocupante do Kremlin, indicando a direção a ser seguida.
E foi com Putin que Sarkozy
teve que negociar na terça.
Na véspera, durante uma
reunião do governo russo, Putin explicara com paciência que
uma intervenção militar externa se torna obrigatória quando
o Exército de um Estado, agindo em seu próprio território,
"arrasa dezenas de povoados" e
lança seus tanques contra
"crianças e idosos". Declarações interessantes vindas de
um dirigente que a Anistia Internacional e outras organizações vêem como responsável
por "crimes de guerra" e "crimes contra a humanidade" na
Tchetchênia.
A segunda guerra de Putin
contém a negação definitiva
dos crimes da primeira. Mas
nenhum dirigente europeu se
lembrou de fazer uma pequena
retrospectiva histórica.
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