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SAÚDE
Governo recomenda à mídia que recuse mensagens de remédios que prometem maravilhas contra o excesso de peso
EUA querem banir anúncio de "milagre" para emagrecer
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
"Perca 2 kg por semana sem dieta nem exercícios." "Emagreça
para sempre comendo de tudo na
quantidade que quiser."
A divulgação publicitária dessas
promessas milagrosas de emagrecimento pode estar com os dias
contados nos EUA. Uma campanha lançada agora pelo Departamento de Proteção ao Consumidor, órgão da Comissão Federal
de Comércio dos EUA, pretende
convencer as empresas de mídia a
não veicular anúncios de produtos contra obesidade que não tenham eficácia comprovada.
"Infelizmente há muitos anúncios de produtos cujas promessas
de redução de peso são cientificamente impossíveis", afirmou Timothy Muris, presidente da Comissão Federal de Comércio.
Para auxiliar a mídia, o departamento preparou uma lista das
promessas enganosas mais comuns e uma explicação científica
que contradiz a premissa milagrosa da propaganda.
No caso de anúncios que afirmam que o consumo de determinado produto causa "perda de peso rápida sem dieta nem exercício
físico", o órgão argumenta, no
manual distribuído à mídia, que
"é falsa toda a propaganda que
anuncia ou sugere que os consumidores podem ter uma perda
significativa de peso sem uma
mudança no estilo de vida".
Numa categoria mais abrangente, estão os artefatos que anunciam ser possível a redução de peso por meio de adesivos, palmilhas, cintas, cremes e outros. "Esses produtos não causam perda
significativa de peso. A mensagem de que uma pessoa pode perder um quilo ou mais por semana
por usar um desses produtos é falsa", afirma o departamento.
"Nesta primeira etapa, queremos que a adesão à campanha seja voluntária. Partimos do pressuposto de que a mídia não quer divulgar anúncios enganosos", disse Richard Cleland, do Departamento de Proteção ao Consumidor. Cleland não comentou, porém, se uma segunda etapa envolveria processos contra empresas
de comunicação que veicularem
os anúncios enganosos.
Paul Boyle, da Associação de
Jornais dos EUA, declarou que a
publicação do manual é um "bom
instrumento educacional", mas
fez ressalvas. Segundo ele, os fabricantes devem ser os responsáveis pela veracidade das informações, não a mídia.
Com mais de 60% da população
acima do peso ideal, o mercado de
produtos de combate à obesidade
está em alta nos EUA. Por ano, os
consumidores gastam cerca de
US$ 40 bilhões. As projeções calculam que esse valor possa chegar
a US$ 48 bilhões em 2006.
Dados da Comissão Federal de
Comércio mostram, entretanto,
que 55% das propagandas de artigos contra a obesidade possuem
alguma expressão considerada
enganosa como "impedir a absorção de gordura" ou "reduzir peso
em partes específicas do corpo".
A pesquisa analisou 300 anúncios
veiculados na mídia e panfletos
recebidos pelo correio em 2001.
Fabricante da Thermo Charge
(cápsula de emagrecimento), Ron
Schneider diz não temer a campanha, apesar de o site do produto
utilizar fartamente expressões vetadas pelo governo, tais como "[o
produto] assegura a perda de peso pelo bloqueio e a inibição da
ingestão de gordura".
"O meu produto é o resultado
de cinco anos de pesquisa. Não faço anúncios na TV. Minha maior
propaganda é boca a boca", disse
Schneider. "Tudo o que está no site é comprovado cientificamente.
Sou um cientista responsável."
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