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análise
Cálculo político deixa presidente longe de anúncio
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Enquanto seu porta-voz,
Robert Gibbs, e seu assessor
sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental, Daniel
Restrepo, davam a notícia de
mais um passo no afrouxamento das restrições a viagens e remessas de dinheiro
dos EUA para Cuba, na segunda-feira, Barack Obama
se preparava para procurar
ovos de Páscoa com a criançada na residência oficial.
Sua ausência contrastou
com iniciativa recente tomada em relação ao Irã, um vídeo gravado pelo presidente
por ocasião do Ano Novo
persa. Nele, Obama se dirigia
à população e aos governantes locais, chamava o país pelo nome oficial, República Islâmica do Irã, e abandonava
a retórica de mudança de regime dos aiatolás adotada
por seus antecessores.
Cuba não contou com tamanha boa vontade.
O tom do memorando assinado por Obama é em geral
duro. A começar pelo título,
"Promovendo Democracia e
Direitos Humanos em Cuba", mas também em trechos
como "medidas que diminuam a dependência do povo
cubano do regime dos Castro
e que promovam contatos
entre cubano-americanos e
seus parentes são meios para
encorajar mudanças positivas em Cuba".
A diferença foi notada por
estudiosos como Julia Sweig,
especialista em Cuba do
Council on Foreign Relations, de Nova York, que se
preocupa com o tom de "mudança de regime" das declarações. "O governo cubano
terá de passar por cima desse
tom e se concentrar na substância", disse.
O descolamento da imagem de Obama do anúncio
oficial tem pelo menos uma
explicação: a eleição de parte
do Congresso no ano que
vem e a possível reeleição
presidencial em 2012. Nem
Obama nem os democratas
podem se dar ao luxo de perder para os republicanos a
Flórida, Estado que abriga a
maior parte da população cubano-americana do país.
Embora pesquisas recentes concluam que a maioria
da população local apoia o
relaxamento da tensão entre
os dois países, o embargo
mantido há quase cinco décadas ainda é assunto tabu.
Assim, é pouco provável
que Obama entre para a história como o presidente que
tomou a iniciativa de derrubar a medida anacrônica,
mantida por seus nove antecessores imediatos. Mas o
democrata não vetaria uma
lei nesse sentido que fosse
aprovada pelo Congresso, e
já há iniciativas tramitando
tanto no Senado como na Câmara. Elas ganharão força se
o regime cubano fizer um ato
grandioso, como libertar
parte dos presos políticos.
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