São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009

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Chávez nomeia governo biônico

Cargo para Caracas que tira poder de governo distrital será ocupado por ex-ministra do Meio Ambiente

Função foi criada na semana passada por Assembleia de maioria chavista; eleito, governador opositor estima em 90% perda orçamentária


DE CARACAS

O presidente Hugo Chávez nomeou ontem a ex-ministra Jacqueline Farías para o controvertido cargo de chefe de governo biônico do Distrito Capital. A nova função tira a maior parte dos recursos, funções e até mesmo o palácio do governador distrital de Caracas, o opositor Antonio Ledezma.
O anúncio foi feito ontem à noite pelo venezuelano durante entrevista coletiva ao lado do presidente colombiano, Álvaro Uribe, no Palácio Miraflores.
A nova função foi criada na semana passada pela Assembleia Nacional, controlado pelo chavismo, e é hierarquicamente superior ao governo distrital e aos cinco municípios que formam Caracas, dos quais quatro estão sob prefeitos da oposição, eleitos em 23 de novembro.
Segundo estimativa de Ledezma, seu governo perderá 90% do Orçamento, correspondente aos recursos federais, e 40 mil dos 43 mil funcionários do governo distrital. Ele tem dito que o novo cargo é inconstitucional e promete "resistir".
Ex-ministra do Meio Ambiente, Farías exerce o cargo de presidente da Movilnet, empresa de telefonia celular nacionalizada em 2007, e é ainda vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela para a região ocidental, o que inclui Zulia, Estado mais rico e principal reduto da oposição.
Desde o final do ano, o governo federal já transferira a sua esfera várias funções do governo distrital, como escolas e hospitais. Ações similares ocorreram em outros Estados e municípios vencidos pela oposição.
Nas últimas semanas, líderes opositores também têm sofrido processos. O ex-ministro da Defesa Raúl Baduel, que rompeu com Chávez em 2007, está preso acusado de corrupção.
Já o prefeito licenciado de Maracaibo e ex-candidato presidencial, Manuel Rosales, escondido desde o início do mês, divulgou ontem carta em que acusa Chávez de "propor controlar o funcionamento do país e para isso tem contado com os Poderes públicos, que domina e dirige da forma mais obscena".
O Ministério Público pediu a prisão de Rosales por enriquecimento ilícito, que será decidida pela Justiça na segunda. (FM)

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