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Governo de Obasanjo enfrenta dilema ao permitir uso da sharia
DO ENVIADO A ABUJA
Para o governo da Nigéria, seria
melhor que o caso de Amina Lawal fosse resolvido dentro das
cortes muçulmanas. Isso porque
uma intervenção federal acentuaria ainda mais as desavenças entre
muçulmanos, no norte do país, e
cristãos, no sul. Nos últimos meses, choques entre os dois grupos
produziram mais de 3.000 mortos.
Se o recurso da advogada Hauwa Ibrahim não funcionar, a decisão de executar ou não a mulher
pode acabar nas mãos do presidente Olusegun Obasanjo, e isso é
tudo o que ele não deseja.
Com medo de implodir a frágil
federação nigeriana, dificilmente
o presidente interferiria nos Estados do norte, que devem continuar aplicando a sharia -embora a adoção da lei islâmica contrarie a legislação nigeriana e o caráter secular do país, garantido pela
Constituição.
Risco político
Além disso, embora o presidente tenha afirmado repetidas vezes
- principalmente para o público
estrangeiro- que muitos pontos
da sharia são inconstitucionais e
que seu país vai respeitar os direitos humanos dos acusados, uma
ação contra a aplicação da lei islâmica poderia sepultar a carreira
política de Obasanjo, que se vê
diante de um dilema.
Eleito em 1999, no pleito que
acabou com o regime militar no
país, o atual presidente é cristão.
Para chegar ao poder, no entanto,
contou com forte apoio dos muçulmanos, que formam 50% da
população do país. "É claro que
existe um componente político
em todo o processo", afirma Hauwa Ibrahim, advogada de Amina.
Enquanto espera por uma solução doméstica, Obasanjo investe
na reaproximação da Nigéria, um
dos maiores exportadores de petróleo no mundo, com as potências ocidentais. (PC)
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