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IRAQUE
Ação em Samarra mata 50
Negociações de paz fracassam em Najaf
DA REDAÇÃO
O governo interino iraquiano
anunciou a retomada das operações militares em Najaf após uma
breve negociação de trégua com o
clérigo radical xiita Moqtada al
Sadr e sua milícia, o Exército
Mehdi, fracassar ontem. Paralelamente, as forças americanas disseram ter matado pelo menos 50
insurgentes em Samarra, bastião
sunita ao norte de Bagdá.
Nos últimos dez dias, a cidade
sagrada xiita no sul do Iraque voltou a ser um dos maiores focos de
violência e tensão do país, colocando em xeque a estabilidade do
governo interino e a realização da
Conferência Nacional Iraquiana.
O evento deve reunir, a partir de
hoje, mil representantes da sociedade iraquiana para eleger cem
legisladores interinos para o país
encarregados, entre outras coisas,
de redigir a Constituição.
"O governo interino iraquiano
está retomando as operações militares para estabelecer a lei e a ordem na cidade sagrada. Nossa
meta era poupar sangue, preservar a segurança e desarmar as milícias. De todos os esforços, nenhum obteve sucesso", disse o assessor de Segurança Nacional do
gabinete, Mowaffaq al Rubaie, em
entrevista coletiva. Os confrontos
na região entre as forças americanas e o Exército Mehdi deixaram,
segundo os EUA, pelo menos 360
insurgentes mortos. Não há, ainda, dados sobre baixas civis.
Por sua vez, porta-vozes de Al
Sadr culparam o premiê Iyad
Allawi pelo fracasso das negociações. A milícia, entre outras coisas, havia exigido anistia e a retirada americana de Najaf -anteontem, as forças dos EUA invadiram o centro da cidade, onde
estão alguns dos principais templos xiitas do mundo. A operação
gerou fortes críticas de líderes religiosos dentro do país e de governos na região, aumentando os temores de que uma ação americana mais drástica na cidade provoque um levante de escala nacional
no Iraque, inédito até então.
"Havíamos concordado com
Rubaie em todos os pontos, mas
Allawi o convocou de volta e encerrou a questão", disse um porta-voz de Al Sadr à Al Jazira. Entrincheirado no templo do imã
Ali, o clérigo radical -contra o
qual pesa uma ordem de prisão
por envolvimento no assassinato
de um rival e a quem os EUA juraram capturar ou matar- incita
seus seguidores ao combate e promete "lutar até a morte".
Pela ameaça de um levante nacional, a violência em Najaf é o
maior obstáculo enfrentado pelo
gabinete de Allawi desde sua posse, em 28 de junho. Mas o governo
interino segue enfrentando uma
onda de ataques, seqüestros e
confrontos na capital e em cidades de maioria sunita, centros de
simpatizantes do regime deposto.
Oito iraquianos morreram e dez
ficaram feridos, a maioria mulheres e crianças, em combates entre
guerrilhas e forças dos EUA.
O comando americano anunciou que ao menos 50 insurgentes
foram mortos em um novo ataque aéreo contra Samarra. Não há
dados independentes. As tropas
dos EUA também enfrentaram a
milícia de Al Sadr em Hilla, no sul,
onde 40 insurgentes e três policiais foram mortos, segundo o
Ministério do Interior iraquiano.
Também ontem, o principal líder xiita do Iraque, o grão-aiatolá
Ali al Sistani, moderado, foi submetido a uma cirurgia no coração
em Londres. Segundo assessores,
o clérigo, de 73 anos, passa bem.
Com agências internacionais
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