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VENEZUELA
Soldados negam entrega de equipamentos à prefeitura metropolitana; Chávez interveio na corporação em novembro
Polícia de Caracas desafia Justiça e eleva crise
DA REDAÇÃO
Soldados da Polícia Metropolitana (PM) de Caracas fecharam
na madrugada de ontem os portões de delegacias em desafio à decisão da Justiça, na noite de anteontem, que devolveu o controle
da corporação ao prefeito da região metropolitana da capital, Alfredo Peña, adversário político do
presidente Hugo Chávez.
O governo venezuelano havia
tomado o controle da PM no dia
16 de novembro, alegando medidas de segurança por causa de
uma greve de 400 dos cerca de
9.000 membros da corporação.
Opositores acusavam Chávez de
apoiar a greve como desculpa para tirar a PM das mãos de Peña.
A decisão da Justiça aumenta a
tensão no país, cujas divisões se
aprofundam a cada dia, por conta
da greve geral liderada pela oposição desde o dia 2 para forçar Chávez a aceitar um referendo sobre
seu mandato.
A greve provocou a redução da
produção de petróleo a um terço
do normal e paralisou totalmente
as exportações do produto, responsável por 80% das vendas externas do país. A Venezuela é o
quinto maior produtor mundial
de petróleo.
A decisão da Justiça anteontem
determinou a entrega, pelas Forças Armadas, de delegacias, armamento, rádios, carros e motocicletas da PM de volta para a prefeitura de Caracas. A decisão tem
caráter temporário, enquanto o
mérito da causa é avaliado.
Peña disse que a ordem não estava sendo seguida e que não tinha o que fazer contra isso. "Não
tenho tanques, bazucas ou aviões
para obrigar a cúpula militar em
Caracas a obedecer a uma ordem
judicial", disse.
Com o acirramento das posições, os organizadores da greve
geral já exigem a renúncia imediata de Chávez e a convocação de
eleições antecipadas.
O presidente, cujo mandato termina em 2007, diz que não renunciará e que cumprirá o que determina a Constituição, que só permite um referendo para a revogação de seu mandato a partir de
agosto do ano que vem, quando
seu governo chega à metade.
Na noite de anteontem, centenas de simpatizantes de Chávez
voltaram a se manifestar em frente ao palácio presidencial de Miraflores, como já haviam feito durante o dia.
A oposição diz que o governo
organizou as manifestações para
criar um escudo humano e impedir que uma eventual passeata
opositora chegue ao palácio.
Marchas
Na tarde de ontem, milhares de
opositores se concentraram em
seis pontos de Caracas para empreender a chamada "Tomada de
Caracas", dispostos a percorrer
até 15 km até o bairro de Altamira,
onde há uma semana morreram
três pessoas. O objetivo da marcha é pedir a renúncia de Chávez e
a antecipação das eleições.
Com gritos de "fora, fora", os
opositores elevaram bandeiras
venezuelanas pedindo "eleições
já". "Faremos justiça mais cedo",
disse Carlos Ortega, um dos líderes da greve geral, presidente da
CTV (Confederação de Trabalhadores da Venezuela).
O governo de Chávez, que só
aceita se submeter a um referendo
no meio do mandato, em agosto
de 2003, por sua vez, convocou
para a noite de ontem uma festa
de Natal "bolivariana", programada para acontecer nas proximidades do palácio presidencial
de Miraflores, ao som de gaitas,
com tocadores de tambores e
danças típicas.
Com agências internacionais
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