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CONTRA
Ações provocaram violência, diz autor
DA REPORTAGEM LOCAL
Thomas Sowell é pesquisador
do Instituto Hudson. Acredita
que a ação afirmativa gera mais
problemas do que efetivamente
resolve e desaconselha sua adoção
por outros países. Leia trechos de
sua entrevista.
(JBN)
Folha - Seu livro trata de cinco
países em que a ação afirmativa teria criado problemas. Não há aspectos positivos a sinalizar?
Thomas Sowell - Podemos sempre esperar, mas é perigoso ignorar a experiência, especialmente
quando ela é repetida sucessivamente em outros países. Há, além
desses cinco países, outros que
menciono mais sumariamente. A
ação afirmativa repetidamente
provocou polarização e desembocou em violência. Tudo isso tem
um preço elevado.
Folha - Quais foram, nos EUA, as
vantagens reais para os negros?
Sowell - Os negros e hispânicos
que foram beneficiados não eram
propriamente pobres ou eram
menos pobres que a média dos
americanos brancos.
Folha - Como fica a ação afirmativa quando ela protege maiorias?
Sowell -Não está para mim muito claro de que forma os estragos
são menores. Violência repetidamente eclodiu na Índia em razão
de medidas de ação afirmativa
contra a casta minoritária dos "intocáveis".
Folha - Seu livro levanta aptidões
de determinados grupos étnicos
em detrimento de outros. O sr.
realmente quis ir tão longe?
Sowell - Meu estudo sobre ação
afirmativa faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre os efeitos
das diferenças étnicas e culturais.
Em 15 anos, publiquei três livros
sobre o assunto. Notei que a norma era a existência de disparidades de aptidões em sociedades
muito díspares e em períodos diversos. No início do século 20, na
cidade de São Paulo, por exemplo,
apenas alemães ou seus descendentes eram donos de fábricas de
fogões, papel, chapéus, gravatas,
couro, sabão, vidro e cerveja.
Folha - Que conclusão tirar desse
fato paulistano?
Sowell - Os germânicos produzem cerveja desde o Império Romano. Não é então surpreendente
que sejam eles os cervejeiros no
Brasil, na Argentina, nos EUA e
na Austrália. Não precisamos
acreditar que haja algo de genético nos alemães para que eles consigam fabricar cerveja, mas que
há algo ligado à história deles.
Folha - Há outros exemplos além
do alemão?
Sowell - Creio que muitos outros
grupos étnicos têm habilidades,
potencialidades, aptidões específicas, conhecimento e disciplina
para produzir determinadas coisas. Essas coisas nunca são as
mesmas. Como imaginar que esquimós possam saber como cultivar abacaxis? Como imaginar que
polinésios saibam mais de camelos que os beduínos do Saara?
Folha - Em alguns casos, como Sri
Lanka, Nigéria e Malásia, a ação
afirmativa, segundo o sr., estimulou a corrupção. Há meios de imaginar mecanismos movidos a honestidade?
Sowell - Os graus de corrupção
variam enormemente de sociedade para sociedade, com ou sem a
ação afirmativa, que apenas estimula a ocorrência de uma corrupção maior.
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