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Convocados por celular, panelaços ganham reforço
"Protestos da oligarquia" chegam a bairros menos nobres de cidades argentinas
Atos como o de anteontem são divulgados por e-mails ou mensagens de texto, atraindo assim um alto contingente de jovens
Marcos Brindicci/Reuters
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A presidente Cristina Kirchner faz discurso na sede do governo
DE BUENOS AIRES
Nesta semana, os panelaços
voltaram e reuniram milhares
de pessoas nas ruas de Buenos
Aires e de várias cidades do interior, como Córdoba, Mendoza e Bariloche.
Os protestos, que no começo
do conflito eram chamados pelo governo de "panelaços da oligarquia" e que tinham forte
presença das classes alta e média, se tornaram mais heterogêneos e começaram a se espalhar por bairros mais simples.
Nas regiões mais abonadas,
dizia-se que os protestos se limitavam a pessoas ligadas ao
setor rural. Mas, na noite da última segunda-feira, a insatisfação com a crise pareceu se espalhar por outros setores da sociedade. Onde antes só se viam
cartazes de apoio ao campo,
agora estavam presentes mensagens exigindo "diálogo já".
Foram vários os fatores detonantes do protesto. No sábado,
a prisão de 19 produtores rurais
-entre eles o líder Alfredo de
Angeli- que não queriam liberar a passagem em uma estrada
já havia desencadeado um
grande panelaço em meio a um
feriado prolongado.
Na segunda, em pleno feriado, as pessoas foram às ruas
após duras declarações do líder
piqueteiro Luís D'Elía, aliado
do governo. Ele afirmou que os
quatro dirigentes das entidades
rurais que comandam o locaute, junto com o ex-presidente
Eduardo Duhalde e o grupo de
mídia Clarín, estariam planejando um golpe de Estado.
Outro fator provocador foi
um anúncio do Partido Justicialista que começou a ser veiculado na televisão convocando ao ato em apoio ao governo,
hoje, na praça de Maio. O anúncio convoca a vir explicar "aos
quatro senhores que só querem
ganhar ou ganhar" que na Argentina todos devem ganhar.
Protesto moderno
Ao contrário do ato governista, divulgado pela televisão, os
protestos de oposição ao governo vêm sendo convocados por
meio de mensagens de celular e
e-mails. A moda de usar a tecnologia a serviço dos protestos
começou no dia 25 de março,
após um discurso em que a presidente acusou o locaute do
campo de ser um "piquete da
abundância" e disse que não cederia a nenhuma extorsão.
Mensagens de celular convocando a um panelaço começaram a se espalhar e provocaram
o primeiro protesto do tipo
desde os atos que antecederam
a queda do presidente Fernando de la Rúa em 2001.
O conteúdo das mensagens,
que exigem ser passadas adiante, vai desde um simples chamado ao protesto até convocatória à "mobilização até a renúncia de Cristina". O modo
como vêm sendo convocados
os protestos talvez explique a
maciça presença de jovens nesses atos.
Entidades ruralistas também
estariam organizando seus piquetes e coordenando os bloqueios de estradas com mensagens de celular.
O protesto de anteontem
provocou mais uma vez uma
contramarcha de setores da base de apoio do governo, que bloquearam as ruas de acesso à
praça de Maio, na capital, para
que os paneleiros não pudessem chegar ao principal local
de protestos da cidade.
No dia 25 de março, piqueteiros e paneleiros entraram em
conflito no local e houve vários
feridos. Desde então, os movimentos de apoio ao governo tomaram conta da praça e os opositores se viram obrigados a fazer seus protestos na região do
Obelisco e do Congresso.
(ADRIANA KÜCHLER)
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