|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hamas e Israel selaram trégua, diz Egito
Confirmado apenas pelos palestinos, acordo incluiria fim do bloqueio à faixa de Gaza e dos disparos de mísseis Qassam
Cessar-fogo, obtido graças à mediação egípcia, vigoraria a partir de amanhã, com seis meses de duração; EUA reagem com ceticismo
DA REDAÇÃO
O governo do Egito, que vem
mediando negociações entre
Israel e o grupo palestino Hamas, anunciou ontem ter obtido dos arquiinimigos um cessar-fogo de seis meses que começa a vigorar amanhã.
Caso seja concretizada, será a
primeira trégua oficial entre as
duas partes na atual escalada.
Israel não reconhece o governo
do islâmico Hamas, que conquistou maioria parlamentar
nas eleições palestinas de
2006, mas só controla de fato a
faixa de Gaza. Já o grupo radical não reconhece a existência
do Estado judaico.
O cessar-fogo não foi reconhecido oficialmente por Israel. O ministro da Defesa e ex-premiê Ehud Barak disse que
"é cedo para falar em calma",
mas altos funcionários do governo admitiram que Amos Gilad, um dos principais negociadores israelenses, esteve ontem
no Cairo para tratar do assunto.
O Hamas, que controla Gaza
há um ano, mas está fora do
atual processo de paz entre Israel e a Autoridade Nacional
Palestina (ANP), insistiu que o
acordo já foi selado e divulgou à
imprensa alguns pontos do trato, obtido após três meses de
conversas indiretas mediadas
pelo serviço secreto egípcio.
Segundo anunciou Mahmoud Zahar, líder do Hamas
em Gaza, o acordo atende às
principais reivindicações dos
dois lados: para os palestinos, o
fim dos ataques israelenses e a
diminuição gradual do bloqueio à Gaza, que jogou o território numa grave crise humanitária, com cortes de energia e
escassez de alimentos; para os
israelenses, o fim dos disparos
de mísseis Qassam contra Israel e a libertação do militar Gilad Shalit, refém do Hamas desde junho de 2006.
Mas horas depois do anúncio
de Zahar, o chefe exilado do
Hamas, Khaled Meshaal, negou
que a libertação de Shalit esteja
incluída na trégua. "Este assunto está relacionado a uma troca
de prisioneiros, não a um cessar-fogo bilateral", disse Meshaal à agência Reuters.
A trégua, que obteve aval de
outras facções palestinas que
atuam em Gaza, seria implementada em duas etapas.
A primeira, começando amanhã, duraria três dias. A partir
de então, Israel abriria uma
passagem para Gaza para a entrada de suprimentos.
O foco da segunda fase seria a
abertura da passagem de Rafah,
principal ligação da faixa de Gaza com o Egito.
Além de ser crucial para a
economia do território, a fronteira de Rafah é a mais usada
pelos mais de 1,4 milhão de habitantes de Gaza para saírem
do território em busca de assistência médica ou de possibilidade de viagens ao exterior.
Até o fechamento desta edição, não estava claro se o acordo valeria também para a Cisjordânia, sob comando da ANP.
Os EUA reagiram com ceticismo ao anuncio. "Mesmo que
seja verdade, penso que infelizmente não colocará fim às atividades terroristas do Hamas",
disse um porta-voz do governo
americano. Acordos anteriores
de cessar-fogo fracassaram na
região. O mais recente, de novembro de 2006, durou apenas
algumas semanas.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Guiné Equatorial: País julga britânico por golpe que teria apoio de filho de Thatcher Próximo Texto: Entrevista: Especialista vê calmaria antes de voto nos EUA Índice
|