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Nova York bate
de frente com
governo Bush
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Acabou a lua-de-mel entre
o governo Bush e Nova
York, cidade que foi a principal atingida em 11 de setembro, com 2.823 mortos. O
coro dos descontentes nova-iorquinos com a atuação do
governo Bush no episódio
pré-ataque terrorista cresceu e foi puxado pela senadora do Estado, a democrata
Hillary Clinton.
Em discurso no Capitólio,
em Washington, a ex-primeira-dama citou a primeira página do tablóide conservador "The New York
Post" de anteontem, que trazia apenas o título "11/9:
Bush sabia" e uma foto do
presidente. "Se ele sabia,
meus correligionários e eu
queremos saber o quê,
quanto e quando", disparou.
Depois de reforçar que
nunca questionaria "um comandante-em-chefe", Hillary Clinton pediu que o
presidente viesse "diante do
povo americano o quanto
antes para responder às
questões que muitos nova-iorquinos e americanos estão fazendo".
Anteontem, parentes das
vítimas do ataque já haviam
se manifestado pesadamente contra a maneira pela qual
Bush e seus assessores agiram no episódio, na primeira crítica pública do grupo
ao governo desde 11 de setembro. Além disso, uma
das ONGs que reúne as viúvas do ataque marcou um
comício no dia 11 de junho
em frente ao Capitólio.
A reação de Washington
veio quase imediatamente.
No encontro diário com os
jornalistas, Ari Fleischer,
porta-voz da Casa Branca,
criticou a fala de Hillary
Clinton, comparando-a com
a do prefeito de Nova York,
o republicano Michael
Bloomberg.
"Quando leu a manchete
do jornal em questão, o prefeito ligou para a Casa Branca para saber o que havia
acontecido e só então disse à
imprensa que achava ridículas as acusações", disse ele.
"Mas estou desapontado
com a sra. Clinton, que depois de ler o mesmo título
não nos procurou, foi ao plenário e, ao contrário de unir
como Bloomberg, dividiu a
cidade de Nova York."
Quanto ao jornal, o porta-voz diz ter ligado para seu
editor-chefe. "Telefonei para
Col Allan na quinta-feira para dizer que a manchete era
inexata", afirmou Fleischer
ontem de manhã. "Acho que
estava errada e que o jornal
está jogando com a dor das
vítimas de maneira incendiária e profundamente lamentável."
A resposta do jornalista,
segundo o próprio Col
Allan, foi: "Achar que nós
culpamos o presidente Bush
com aquela manchete é que
é um absurdo. Você tem de
olhar para a página como
um todo. Para o povo de Nova York, 11 de setembro não
é apenas a data em si mas
sim todos os eventos e fatos
jornalísticos que a cercam."
De propriedade do magnata australiano Rupert
Murdoch, o "The New York
Post" é o terceiro jornal em
circulação na cidade, com
500 mil exemplares diários,
atrás do "The New York Times" (1,2 milhão/dia) e do
"New York Daily News"
(750 mil/dia).
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