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Sindicatos param país em apoio a Cristina
Bancos são fechados, e aviões não decolam após central decretar folga por causa de ato da presidente argentina em Buenos Aires
Governo teve de intervir para que vôos voltassem ao normal; mandatária centrou fogo em líderes de locaute rural ao discursar ontem
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Bancos foram fechados mais
cedo, e aviões tiveram seus
pousos e decolagens atrasados
ou cancelados devido ao ato de
apoio ao governo argentino,
que reuniu milhares de pessoas
ontem na praça de Maio, em
Buenos Aires.
O ato foi uma manifestação
de força do governo em meio à
crise com o setor agropecuário,
que completa cem dias hoje. O
conflito foi desatado pelo aumento dos impostos sobre as
exportações de grãos decretado
em março para garantir a redistribuição dos lucros do setor
ruralista. O aumento gerou locaute rural, bloqueios de estradas e desabastecimento.
Para garantir a presença dos
trabalhadores no ato em que a
presidente Cristina Kirchner
discursou, a Central Geral de
Trabalhadores (CGT), maior e
mais importante central sindical da Argentina, decretou folga
a partir das 12h de ontem, e
bancários e pilotos de linhas
aéreas decidiram aderir.
Os bancos fecharam as portas ao meio-dia, três horas antes do horário normal, mas já
havia problemas no atendimento pela manhã. Os pilotos
de aviões haviam decidido paralisar as atividades das 14h às
19h, e o secretário de Transportes, Ricardo Jaime, e o secretário-geral da CGT, Hugo Moyano, tiveram que intervir para
que o governo, que reclama dos
bloqueios nas estradas, não fosse responsabilizado pelo bloqueio do tráfego aéreo.
Os pilotos aceitaram cancelar a paralisação, mas, ainda assim, muitos vôos foram atrasados ou cancelados.
A CGT, liderada por Moyano,
tem 2,5 milhões de afiliados e
foi responsável, junto com a
Central de Trabalhadores da
Argentina, por reunir grande
parte da multidão que presenciou o ato da praça de Maio.
Sob Néstor Kirchner (2003-2007), a CGT, única central
sindical legal no país, ganhou
protagonismo e passou a formar a principal base de apoio
nos atos do governo. Recentemente, Moyano assumiu como
vice-presidente do Partido Justicialista (peronista) na chapa
encabeçada por Kirchner.
Alvos de Cristina
No discurso de ontem, a presidente voltou a atacar o setor
agropecuário, um dia após ceder e enviar à apreciação do
Congresso o projeto de lei que
aumenta os impostos sobre a
exportação de grãos.
Mas, desta vez, centrou fogo
nos quatro dirigentes das entidades agrícolas que comandam
o locaute. "Eu acreditava que
estava em uma batalha pela distribuição de renda, mas, quando vi que quatro pessoas em
quem ninguém votou se reuniam para deliberar quem podia ou não andar pelas estradas
argentinas, me dei conta de que
estava diante de uma situação
diferente", afirmou Cristina,
acrescentando que o protesto
agropecuário "interfere na
construção democrática".
Após o discurso, os ruralistas
decidiram estender o locaute
agropecuário, que terminaria
ontem, até amanhã. O locaute, iniciado em
março, além de causar desabastecimento de alimentos e combustíveis gera temores de desaceleração na economia argentina. O crescimento do PIB no
primeiro trimestre no país, divulgado ontem, ficou em 8,4%,
dentro da média no país nos últimos anos -mas o número só
reflete os 20 primeiros dias do
conflito com o campo, iniciado
em 11 de março.
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