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Ruralistas rejeitam lei e prolongam locaute
DE BUENOS AIRES
Os quatro líderes das entidades ruralistas anunciaram ontem que estenderão o locaute
do setor até amanhã porque
não concordam com a maneira
como o projeto de lei que determina o aumento de impostos
sobre as exportações de grãos
foi enviado ao Congresso.
O envio do projeto -reivindicação dos ruralistas- foi
anunciado na terça pela presidente Cristina Kirchner. Mas
ele chegou ao Legislativo "blindado" -não pode ser alterado,
apenas aprovado ou rejeitado
na íntegra. "Como está redigido, [o projeto] não modifica a
causa do problema", disse o
presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi.
Cem dias depois de instituída
por decreto, a medida deve começar a ser tratada na próxima
semana nas comissões de Agricultura e Orçamento da Câmara dos Deputados.
O projeto consiste na resolução que determinou o aumento
dos impostos sobre a exportação de grãos -decretada no dia
10 de março- e inclui sua subseqüente correção -a redução
dos tetos e das alíquotas, anunciada no fim de maio. Enquanto
a posição do Congresso não for
anunciada, a medida continua
em vigor.
Os ruralistas contavam com
alterações na lei, apesar de o
governo ter maioria na Câmara
e no Senado. A notícia de que o
texto não pode ser alterado,
portanto, não agradou.
Os ruralistas afirmaram ontem que, no fim de semana, farão visitas a legisladores para
apresentar suas propostas e, na
próxima semana, pedirão audiências com a presidente e o
poder Legislativo.
Batata quente
A medida da presidente Cristina Kirchner foi vista como
uma maneira de jogar a batata
quente para deputados e senadores governistas, que terão
que se explicar a suas bases se o
projeto for aprovado. O plano já
teria sido usado pelos Kirchner
para apagar outros incêndios.
O presidente do bloco governista Frente para a Vitória na
Câmara, Agustín Rossi, afirmou não ter dúvidas de que os
legisladores governistas vão ratificar o projeto e disse que, se a
oposição quiser modificá-lo,
"terá que construir as maiorias
necessárias" -o governo conta
com 139 dos 256 deputados e
42 dos 72 senadores.
O chefe-de-gabinete de Cristina, Alberto Fernández, também saiu em defesa da medida.
"Essa é uma enorme faculdade
que se dá ao Congresso, que pode ter o efeito concreto de não
aplicar a resolução." Fernández
se reuniu ontem com os líderes
dos blocos governistas. Ao mesmo tempo, a oposição se articulava para descobrir maneiras
de propor alterações à resolução.
(AK)
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