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ONU confirma aumento "chocante" de plantação de coca na Colômbia
Crescimento é revés para política antidrogas de Uribe, financiada pelos EUA
DA REDAÇÃO
O estudo anual do Escritório
das Nações Unidas contra Drogas e Crime, divulgado ontem,
confirmou o crescimento em
2007 da área de plantio de coca
na Colômbia. Foram 99 mil ha
para a produção da matéria-prima da cocaína, 27% a mais
do que em 2006, salto considerado "surpreendente e chocante" pelo organismo.
As cifras da Colômbia, maior
produtor mundial da droga, são
um revés para a política de
combate ao narcotráfico e à
guerrilha do governo Álvaro
Uribe, que recebeu desde 2001
ao menos US$ 5,5 bilhões dos
EUA no Plano Colômbia.
Como a Folha publicou no
domingo, o salto de 2007 acontece a despeito da destruição
de 200 mil ha de coca na Colômbia, um recorde, e das recentes vitórias militares sobre
as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O relatório anual da ONU
abarca também Peru e Bolívia,
onde o cultivo de coca avançou
4% e 5%, respectivamente. O
crescimento global foi de 16%,
total de 181,6 mil ha, a mais ampla área desde 2001.
Já a produção potencial de
cocaína nos três países praticamente não variou, segundo a
ONU, em parte porque as novas áreas plantadas na Colômbia têm menor produtividade.
Foram 994 toneladas métricas,
contra 984 do ano anterior.
O Escritório da Política de
Controle de Drogas da Casa
Branca, porém, estimou em fevereiro que 1.421 toneladas
métricas de cocaína saíram da
América Latina em 2007, o que
representaria um salto de 40%
sobre 2006. O organismo americano ainda não divulgou seu
relatório anual.
"O crescimento na Colômbia
é uma surpresa e um choque:
uma surpresa porque vem
quando o governo da Colômbia
está tentando fortemente erradicar a coca; um choque pela
magnitude do plantio", disse o
diretor do escritório da ONU,
Antonio Maria Costa, no texto
de divulgação do estudo.
A ONU vinha elogiando os
esforços colombianos ao afirmar que o plantio de coca estava, ao menos, estabilizado. Ontem, Costa disse ser preciso pôr
a "má notícia em perspectiva".
Segundo o diretor, quase metade da cocaína e um terço da
área de plantio da coca na Colômbia estão concentrados em
5% dos municípios, a maioria
deles controlados pelas Farc.
"Como no Afeganistão, onde a
maior quantidade do ópio vem
de Províncias com forte presença do Taleban, na Colômbia
vem de áreas controladas por
insurgentes", disse. "No futuro,
com as Farc em desarranjo, talvez se torne mais fácil controlar o cultivo", estimou.
Mas, para analistas independentes, como Markus Schultze-Kraft, diretor para a América Latina do centro de estudos
International Crisis Group,
não há relação direta entre enfraquecimento das Farc e controle de drogas. A julgar pelo
que aconteceu após a desmobilização da principal coalizão
colombiana de grupos paramilitares, o negócio do pó se reacomodou em escala menor, de
difícil detecção e erradicação.
O governo colombiano enfatizou que a queda de produtividade é resultado da política de
destruição das grandes áreas
de cultivo.
Com agências internacionais
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