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Bush vê "horizonte" de retirada do Iraque
Acordo com Bagdá que cita linha temporal "genérica" é anunciado às vésperas de viagem de Obama
DA REDAÇÃO
Após semanas de impasse, a
Casa Branca e o governo do Iraque anunciaram ontem um
consenso inicial sobre a negociação para permanência das
tropas americanas no país árabe. Segundo Washington, um
acordo sobre o tema deverá incluir um "horizonte temporal
genérico" para reduzir o contingente militar dos EUA conforme as forças iraquianas consigam assumir mais responsabilidades -mas não o cronograma que Bagdá tem exigido.
A declaração é bastante vaga
e se ampara na idéia repetida
pelo governo de George W.
Bush desde que invadiu o Iraque, em 2003: seria possível começar a trazer os soldados de
volta para casa quando o país
estivesse mais seguro, uma
acepção bastante relativa. Por
outro lado, trata-se do mais
perto que o presidente já chegou de um cronograma de retirada, evocado constantemente
pelo candidato da oposição à
sua sucessão, Barack Obama.
No que parece uma espetada
na campanha do democrata, a
Casa Branca disse que serão incluídos em um documento "intenções" com base na "continuidade da melhoria das condições em campo, e não em uma
data arbitrária estipulada politicamente". Washington prevê
selar o acordo até o fim do mês.
Mas apesar do otimismo do
governo americano, o consenso
não necessariamente avança o
tratado de longo prazo que garantiria a base legal para a permanência das tropas americanas, o Acordo sobre o Status das
Forças. O mandato da ONU,
que por ora garante essa legitimidade, expira no final do ano.
Obama no Iraque
O fato de o anúncio ter sido
feito ontem foi visto por analistas como uma tentativa de
Bush de tirar o foco de Obama,
que visitará a região, inclusive o
Iraque, na próxima semana. O
embarque, segundo a mídia local, poderia ocorrer já neste fim
de semana -a data oficial não
foi informada por segurança.
Afora o "timing" político, o
anúncio da Casa Branca resulta
ainda da pressão de políticos
iraquianos pela retirada, sobretudo com a aproximação das
eleições regionais no país.
Lembrando a defesa que
Obama faz do cronograma de
saída em 16 meses, a assessoria
do candidato chamou o anúncio de ontem de "um passo na
direção correta" e "uma mudança de posição da Casa Branca", mas tachou de "ilusão vaga" a expressão "horizonte
temporal genérico".
Já o candidato republicano,
John McCain, afirmou que o
anúncio mostra que a estratégia do "surge", que enviou quase 30 mil soldados extras ao
país a partir de fevereiro de
2007, funcionou -e lembrou
que o rival se opôs ao "surge".
"E agora, felizmente para todos, ele [Obama] poderá usufruir dos benefícios dessa estratégia bem-sucedida", disse uma
porta-voz do republicano.
Entre as "intenções" da negociação preliminar acordada
ontem estão a retomada do
controle iraquiano das cidades
e a maior redução do número
de forças em combate dos EUA
no país. No começo deste mês,
o conselheiro de segurança iraquiano Mouwaffak al Rubaie
dissera que o governo não aceitaria nenhum acordo que não
contenha datas fixas de saída.
Bagdá propôs que os EUA
aceitem retirar as tropas por
completo cinco anos após os
iraquianos assumirem o controle da segurança no país, sem
data especificada. Mas Washington ainda não concordou.
Com agências internacionais
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