São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008 |
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Cuba estuda reforma de rede de bem-estar social
País cogita reduzir benefícios para estimular trabalho
Cuba está planejando diluir o
generoso sistema de bem-estar
social que é uma das pedras
fundamentais de sua economia
há 50 anos, segundo um importante funcionário do governo.
Alfredo Jam, diretor de análise macroeconômica no Ministério da Economia cubano, disse ao "Financial Times" que os
cubanos vêm sendo "protegidos em excesso" por um sistema que subsidia os custos da
comida e limita os salários que
as pessoas podem ganhar, o que
gera escassez de mão-de-obra
em setores importantes.
"Não podemos dar às pessoas
segurança tão grande que afete
sua disposição de trabalhar",
afirmou Jam. "É possível ter
igualdade de acesso à educação
e saúde, mas sem igualdade de
renda." Ele disse que a ênfase
em igualdade havia ajudado a
manter a coesão social quando
a economia cubana chegou à
beira do colapso depois da retirada da assistência soviética,
nos anos 90, mas "quando a
economia se recupera você percebe que existe [um nível de
proteção] que precisa mudar.
Não podemos ter uma situação
na qual não trabalhar é que ofereça acesso aos bens", disse.
As declarações de Jam representam um raro momento de
percepção franca quanto ao
pensamento oficial sobre o futuro direcionamento econômico de Cuba depois da renúncia
de Fidel Castro, em fevereiro.
Sob Raúl Castro, o país relaxou as restrições sobre as bonificações que trabalhadores podem receber e suspendeu proibições sobre produtos como celulares e aparelhos de DVD.
Raúl também descentralizou
o sistema agrícola do país e disse que terras ociosas seriam
oferecidas a cooperativas e a
agricultores privados, para reduzir a dependência quanto a
alimentos importados.
Mas o sistema de benefícios
sociais se manteve quase inalterado. Ele oferece a todos os
cubanos alimentação básica,
incluindo pão, ovos, arroz, feijão e leite, a preços muito inferiores aos vigentes em qualquer
outro país. Os aluguéis e os custos de água e luz são extremamente baixos, e a educação e a
saúde são gratuitas.
Qualquer reforma desses benefícios universais causaria
controvérsia nas fileiras do
Partido Comunista. Mas os comentários de Jam refletem a
crescente frustração dos círculos oficiais cubanos com o mau
desempenho de agricultura,
construção e indústria. "Não
existe motivação para trabalhar nesses setores."
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