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Venezuela decide expropriar fábricas de mexicana Cemex
Partes não concordaram em preço para estatização
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo venezuelano
anunciou que expropriaria na
madrugada de hoje as instalações da multinacional de cimento mexicana Cemex no
país devido à falta de acordo sobre o preço de venda. As outras
empresas do setor que tiveram
a nacionalização decretada em
abril, a francesa Lafarge e a suíça Holcim, assinaram memorandos de entendimento.
"Nesta noite, vamos tomar as
empresas de cimento da Venezuela", disse o presidente Hugo
Chávez, em comício no Estado
de Guárico. "Como ocorreu
com a siderúrgica do Orinoco,
como ocorreu na faixa petrolífera do Orinoco, como ocorreu
na companhia multinacional
Telefones de Venezuela
[Cantv]. Tudo isso é um passo
em direção ao socialismo."
Horas antes, o vice-presidente Ramón Carrizalez havia
anunciado o fracasso das conversas com a multinacional
mexicana. "Não foi possível
chegar a um acordo na negociação com a Cemex. O passo seguinte é a desapropriação, como está estabelecido na lei",
disse a jornalistas em Caracas,
durante ato de assinatura com
as outras duas empresas.
Em 19 de junho, o governo fixou 60 dias para que as empresas chegassem a um acordo para a venda do controle acionário, prazo vencido ontem. Até
31 de dezembro, as fábricas têm
de ser transferidas ao Estado.
Segundo Carrizalez, a Cemex
exige US$ 1,3 bilhão para vender seus ativos, valor considerado inaceitável. Sozinha, a empresa mexicana produz cerca
de 50% do cimento consumido
na Venezuela. Suas três fábricas têm produção anual de cerca de 4,6 milhões de toneladas.
O mercado venezuelano representa 3% das vendas globais da
Cemex, segundo o jornal mexicano "El Universal".
"Estamos adquirindo 89%
das ações da Lafarge e 85% das
ações da Holcim. Está começando a partir de hoje uma sociedade com essas duas empresas. Houve uma negociação
amistosa", disse o vice.
Juntas, as três multinacionais têm cerca de 90% do mercado venezuelano -ou seja, o
abastecimento agora ficará sob
controle quase total do Estado.
Desde o ano passado, Chávez
intensificou a nacionalização
de vários setores da economia,
incluindo empresas de telecomunicação, energia elétrica,
petróleo, alimentos e até mesmo o teleférico de Caracas.
No mês passado, Chávez
anunciou a nacionalização do
Banco de Venezuela, o terceiro
maior do país, controlado pelo
grupo espanhol Santander.
Até o início da noite de ontem, a Cemex não havia comentado o anúncio de expropriação. O governo mexicano
tampouco havia se pronunciado sobre o assunto.
Segundo levantamento publicado pelo economista Javier
Santiso na revista da Cepal
(Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe), a
Cemex é a multinacional latino-americana não-financeira
com mais presença no exterior.
Na Venezuela, além das três fábricas de cimento, a Cemex
possui ainda 29 fábricas de produção de concreto,12 centros
de distribuição terrestre e quatro terminais marítimos.
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