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EUA
Liderança do canal Fox News durante conflito no Iraque se assemelha ao sucesso da CNN em 1991
Murdoch vence guerra na mídia
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O presidente George W. Bush
fez a guerra, mas o real senhor dela talvez seja um homem que tem
um exército sem mísseis nem tanques e veio não do Texas, mas de
Melbourne. Rupert Murdoch, 72,
australiano naturalizado americano, sai do front como o grande vitorioso na mídia dos EUA.
É um efeito semelhante ao que
aconteceu com Ted Turner, da
CNN, após a primeira Guerra do
Golfo, só que de forma ampliada.
Sua vitrine é a a Fox News, a
emissora número 1 do país. A
guerra foi o teste que há tempos se
esperava para ela -parte dos
analistas apostava que a CNN retomaria a liderança no conflito.
Na primeira semana de abril, a
Fox News transmitiu 14 dos 15
programas mais vistos da TV a
cabo, segundo a Nielsen. A CNN,
que investiu US$ 30 milhões na
cobertura, emplacou um único
produto seu, no 13º lugar.
Um fato torna o feito da emissora de Murdoch ainda mais significativo: ela venceu justamente no
nicho da mídia que foi o maior
beneficiado pela guerra, o das
TVs a cabo. As três principais dos
EUA (Fox News, CNN e MSNBC)
viram sua audiência crescer mais
de 200% com o conflito.
Número 1 entre esses canais,
com cerca de 500 mil espectadores a mais na média que a CNN, a
Fox News baseou-se num noticiário fortemente editorializado e
numa cara "patriótica".
"Eles encontraram um público
que estava lá e deram a ele uma
TV com a qual se identificasse",
diz Peter Hart, analista do instituto Fair, um "think tank" liberal.
Sua análise fica mais clara à luz
de pesquisa do Pew Research
Center, segundo a qual o sentimento antiguerra é o item mais
apontado pelos americanos como
sendo o que está recebendo a cobertura mais exagerada da mídia
-40% pensam assim.
Diversificação
Dono de um império global de
comunicações, Murdoch tem, nos
EUA, não só a TV a cabo mais vista, como também um braço mais
estratégico, a revista "Weekly
Standard", apontada como a leitura número 1 da Casa Branca.
Com isso, o grau de polarização
em relação à Fox News é grande.
A revista de esquerda "The Nation", por exemplo, após publicar
anúncio da emissora de Murdoch, recebeu cartas iradas e perdeu leitores, a tal ponto de ter de
explicar as necessidades de seu
caixa em editorial.
Enquanto isso, Murdoch não
pára. Na última quarta, mesmo
dia em que os americanos derrubavam a estátua do ex-ditador
Saddam Hussein em Bagdá, acertava a compra da DirecTV, passando a controlar a principal operadora de canais pagos via satélite
dos Estados Unidos.
Com a aquisição de R$ 6,6 bilhões, Murdoch assume também
as duas principais empresas do
setor no Brasil, a Sky e a Directv,
que juntas detêm 95% do mercado, num virtual monopólio.
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