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Paquistanesa relata prisão do filho e do marido
DE NOVA YORK
A paquistanesa Farhat Paracha,
50, teve o filho e o marido presos
pelo governo americano. Diz que
passou mais de um mês sem ter
notícias de Saifullah, com quem é
casada, comunica-se hoje por cartas com ele e não tem certeza de
onde está detido nem foi informada de que crime ele é acusado.
Ela concedeu entrevista à Folha
do Paquistão, por telefone. A seguir, trechos da conversa.
(RC)
Folha - Como seu marido sumiu?
Farhat Paracha - Deixei-o no aeroporto para tomar um vôo para
Bancoc, em julho de 2003, e ele
nunca chegou ao seu destino. Um
mês depois, a TV americana NBC
fez um programa em que citava
meu filho, que já tinha sido preso
nos EUA pelo FBI, e meu marido,
que também teria sido preso pelos americanos.
Na terceira semana de agosto,
recebi uma carta de Islamabad, da
Cruz Vermelha, dizendo que meu
marido estava preso. Não tinha
certeza e disse que precisava de
provas. Alguns dias depois recebi
uma carta escrita por ele. Reconheci sua letra e sua assinatura.
Folha - Ele podia falar livremente, pelo que a sra. leu?
Paracha - Não. Ele apenas me
disse que estava sob a custódia do
Exército americano no Afeganistão. E que estava bem.
Folha - Nessa carta ele dizia por
que tinha sido preso?
Paracha - Não. Eu não sei a razão. Não tenho nenhuma idéia,
não tenho nem mesmo certeza de
onde ele está. A carta não tinha selo. Ela vem de Islamabad.
Folha - Ele escreveu outras cartas? O que diz?
Paracha - Sim. Ele me pergunta
pelo nosso filho. Sobre como ele
está. E me diz que sua saúde está
bem, porque sabe que eu me
preocupo. Mas suas cartas demoram uns três meses para chegar.
Eu escrevo toda semana, às vezes
mais de uma carta.
Folha - O que fazia seu filho nos
EUA?
Paracha - Ele completou seus estudos no Paquistão. Ele tem um
MBA de uma ótima instituição
daqui. Juntou-se a seu pai nos
nossos negócios. Foi para Nova
York para vender apartamentos
que construímos aqui para paquistaneses. Muitos querem voltar, depois do 11 de Setembro. Eles
se sentem inseguros.
Ele estava lá legalmente. Foi preso pelo FBI em março de 2003,
acusado de ter ajudado membros
da Al Qaeda a entrar nos EUA.
Não faço a menor idéia do que
eles estão falando.
Folha - Seu marido e seu filho tinham envolvimento com política
no Paquistão?
Paracha - Nunca. Meu filho terminou seu MBA com 23 anos. Como poderia encontrar tempo?
Folha - Por que a sra. acha que fizeram isso?
Paracha - Acho que estão paranóicos. Qualquer pessoa que pareça estrangeira, que tenha traços
asiáticos... Meu marido é religioso, muçulmano, mas nunca conheci uma pessoa mais tolerante.
Não tenho nenhum ódio pelos
americanos, nem ele. Estudei lá,
fiz mestrado em sociologia.
Folha - A sra. tem medo de que
ele possa ser maltratado?
Paracha - Espero que não. Mas,
quando penso nisso, sinto-me enjoada.
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